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Mostrando postagens de 2010

Primeiro o que importa

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Eu conversava com a namorada de um amigo, durante um jantar, quando ela me disse que tinha parado de comer queijo. "É mesmo?", perguntei, completando que adorava queijo. Ela respondeu que adorava também, até descobrir que era o queijo que lhe causava tanta dor de cabeça. Não foi só a médica que disse, não. Ela foi lá experimentar: ficou um tempo sem queijo, voltou a comer e as dores voltaram. Até aí, tudo bem comum: tem muita gente que não pode comer ou beber isso e/ou aquilo. O bacana foi o que veio depois. Ela disse: "achei que fosse sentir falta do queijo porque eu era adorava! Mas, me fazia tão mal que deixei de gostar". Parece óbvio deixar de gostar ou não gostar de algo que nos faz mal, não é? Mas, não é bem assim. Normalmente, o que se vê é o sofrimento que acompanha algo que se gosta muito e não se quer ficar sem, mesmo trazendo prejuízos. Me pergunto sempre: como é que alguém pode manter algo que lhe faz mal? É o caso do alcóolico, do viciado em drogas, do

Nobre labutar

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‎"Não é sensato achar que um dia tudo dará certo". Essa frase de Daisaku Ikeda - humanista, escritor e líder budista que este ano se tornou a pessoa com o maior nº de títulos de honoris causa em toda a história (até o fechamento desta, são 300) - não tem nada de pessimista. Antes, ela nos tira do comodismo que nos faz apenas esperar por dias melhores e nos provoca a "fazer" dar certo, com todas as iniciativas, criatividade, sabedoria, coragem e bom senso que todo sucesso guarda. Como toda típica ocidental, vítima da colonização judaico-cristã, cresci acreditando que era "normal" esperar que tudo desse certo. Foi preciso um longo caminho, décadas de insatisfação para que eu enfim compreendesse que a vida de verdade é para os que constroem aquilo que desejam, independentemente de qualquer circunstância ou de quantas vezes precisem recomeçar. A vida, sim, é um espelho mental, uma reprodução daquilo que somos, daquilo que acreditamos, daquilo que sentimos. Eu

Paul, moço bonito

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Do show de 1993, eu lembrava de um Paul simpático, bem humorado e, claro, dono de uma musicalidade impecável. Ontem, talvez porque eu própria estivesse mais emocionada e feliz, eu conheci um Paul doce, romântico, como se naquele estádio com mais 64 mil pessoas, ele estivesse na sala de casa, tocando e cantando entre amigos. Paul foi pontual, entrou no palco às 9 e meia. Ele foi o espetáculo por 3 horas ininterruptas: não parou um minuto, nem sob a desculpa de trocar de roupa ou beber água. Foram 3 horas leves e alegres que passaram como minutos. Nenhum efeito pirotécnico para desviar a atenção (a única exceção foram os parcos fogos em "Live and Let Die): o show era o Paul e sua fantástica banda (com louros à parte para o baterista Abe Laboriel Jr.). Aos 68 anos, Paul tem a disposição e encantamento com todo o profissionalismo do mundo. Paul nasceu para a música e para o público. Em alguns momentos, eu tive a nítida impressão de estar vendo o mesmo jovem dos anos 60, com o mesmo so

Os idos de uma mente em movimento

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Eu nunca fui uma pessoa que suspira pelo passado. Vez por outra ouço alguém desejando voltar no tempo, ser criança outra vez, adolescente, ter 20 anos. Acho esquisito, sempre achei. Até outro dia, eu traduzia minha falta de nostalgia como bloqueio psicológico, um artifício racional que me protegia sabe-se lá do quê. Era nada. A minha falta de apego ao passado é bem mais otimista do que eu podia imaginar. Foi numa manhã dessas, nas raras em que pude acordar absolutamente sem pressa, que me bateu uma profunda gratidão pelo que sinto e tenho na vida: paz, amor, alegria, saúde, oportunidades, esperança. Jamais desisti, mesmo nos maiores cansaços, mesmo quando eu achava que conseguiria desistir. Nunca consegui, sempre continuei. Mesmo quando eu andava quase parando, havia alguma evolução em alguma coisa. Decisão difícil, essa de jamais desistir, acho que a mais difícil ever. Mas, sem ela, a gente para num caminho confuso, sem eira nem beira, sem motivo e sem reação, bem a mercê de uma coi

Cuidar de si e do futuro

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"Não existe atalho". Essa frase, lida enquanto eu folheava o livro do Michael Jordan, me fez concordar: não existe mesmo. Ansiosos como somos, queremos mais é pegar o caminho mais curto pra tudo na vida, mas não há milagre. Se cortarmos o caminho para evitar alguma coisa ou para chegar mais rápido, a vida vem e nos devolve ao nosso tempo: aprende, filho, aprende senão você não passa pra outra lição. É claro que às vezes, em situações muito, muito difíceis, a gente fica exaurido demais e prefere pular uma página como se isso fosse fazer pular a dor também. É bem provável que, por uma breve fase, o sofrimento seja anestesiado e, no auge da nossa miopia, consideremos que fizemos a melhor escolha. Entretanto, enquanto a nossa memória é frágil, a memória da vida é implacável, tanto para o bom quanto para o nem tanto. Esses atalhos que buscamos normalmente são frutos da razão a que nos impomos, como se racionalizar completamente uma situação fosse nos prevenir de erros. É por isso

De tudo, nada se conclui

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"Nem sempre": acho que essa é a frase que mais digo nos últimos anos. "Nem sempre" quer dizer "melhor olhar sob outro ângulo", "melhor ouvir a outra parte", "melhor não julgar pela aparência", "melhor, melhor... melhor entender que, espremendo bem, todos nós somos bem parecidos no final". Assim, portanto, não adianta rotular muita coisa (ou quase nada) e é melhor reparar que, apesar da roupa bonita ou do tipo descolado, tem muita gente sofrendo enquanto reage com soberba. Acho engraçado como a gente vai tendo cada vez menos certezas para algumas coisas e um pouquinho mais (só um pouquinho mais) de certezas a respeito de outras. Normalmente, essas certezas "mais certas" são só sobre o quanto as motivações de cada um podem divergir, mesmo usando os mesmos meios e alcançando os mesmos fins. Conheci uma moça homessexual que tinha tanto preconceito consigo mesma que via preconceito em todos os lugares. E isso acontece n

Amor e verdade

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Ontem eu ouvi histórias sobre os comentários dos meus sobrinhos, aquelas perguntas embaraçosas que só as crianças sabem fazer no meio do nada. Por essas e outras, a gente sempre acha que as crianças são inteligentes demais porque "pegam as coisas no ar". Por "pegar as coisas no ar" entende-se prestar atenção aos sinais e frases truncados que nós, adultos, "deixamos escapar" de vez em quando. Acredito que um dos maiores dilemas da vida adulta é saber quando e como falar e quando calar. A dúvida nasce do medo da reação do outro, da ruptura que pode acontecer e da contrapartida que poderá vir. Afinal, o que os adultos mais desejam nessa vida é ter controle de tudo. Por conta disso pensamos que perdemos a capacidade de "pegar as coisas no ar". Não perdemos, não, nunca, apenas fingimos e preferimos adiar o que pode ser uma discussão para um ponto tão distante que pode tornar-se irreparável. A dúvida sobre nossa capacidade de falar direito, de maneira

Universais

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Vez por outra, quando preciso de uma citação, vasculho alguma coisa no Pensador.Info, um site (até onde eu sei) confiável nesse mundinho virtual. Foi assim que encontrei esse texto da Marta Medeiros, lindo de doer, que me fez dar aquele sorriso de "hum rum" e balançar a cabeça "é assim, sim". Tem coisa que é universal mesmo, todo ser humano sente igual. O coração, afinal, é bem inteligente, né? A Voz Do Silêncio Pior do que a voz que cala, é um silêncio que fala. Simples, rápido! E quanta força! Imediatamente me veio à cabeça situações em que o silêncio me disse verdades terríveis, pois você sabe, o silêncio não é dado a amenidades. Um telefone mudo. Um e-mail que não chega. Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca. Silêncios que falam sobre desinteresse, esquecimento, recusas. Quantas coisas são ditas na quietude, depois de uma discussão. O perdão não vem, nem um beijo, nem uma gargalhada para acabar com o clima de tensão. Só ele permanece imutável, o silêncio,

O inverno virando primavera

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Eu voltava do almoço ontem quando passei em frente ao novo posto de gasolina da rua. Há mais ou menos 1 ano o local estava abandonado e tinha sido invadido por moradores de rua, fumantes ilícitos e usuários de outras tranqueiras ilegais. Lembro que tinha receio de passar por lá quando a noite vinha caindo, tinha sempre muita bebida e ouvia muita bobagem a medida que chegava perto. Eu me perguntei várias vezes quando é que alguém compraria aquele terreno e o transformaria em um café, ou supermercado, floricultura, sei lá. O importante é que o local tivesse função, deixasse de ser tão perigoso e abandonado. E eis que ontem, depois da inauguração do posto, a paisagem era diferente: tudo muito claro, cores alegres, ambiente amigável, movimento de quem trabalha, energia boa essa de vida acontecendo saudavelmente. Aí, claro, me bateu um sentimento daqueles pararelos, sabe?, de quem tem mania de pensar na vida até quando olha pra lanterna do carro. Pois bem, fiquei eu elucubrando sobre quanta

Por onde andas

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Faz tempo que eu ando com vontade de escrever sobre as conclusões a que chegamos, na maioria das vezes baseadas apenas nas referências que guardamos sobre o apego de nossas curtas experiências. Concluímos amor e desamor, cuidado e desatenção, honestidade e más intenções, gestos e silêncio. Concluímos o tempo inteiro apenas com nosso coração interessado ou com a falta de coração típica dos momentos de ódio. Vamos de uma ponta a outra da simpatia ou da aversão no mesmo pensar, basta navegar ora pela amizade, ora pelo ressentimento sem o menor controle sobre qualquer tendência. Nosso coração parece ter duas facetas: uma cheia de humanismo, morrendo de vontade de acreditar, e outra dura, manchada de desgosto e crítica severa. Já me deixei vencer pela angústia desse veneno inúmeras vezes e, não só o outro perdeu, mas, sobretudo, eu perdi: perdi alegria, perdi viço, perdi desejo, perdi amor. Presto muita atenção hoje, cuido muito pra entender se o que sinto é verdade ou fruto de uma predispo

As linhas da vida

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Viver uma vida sem arrependimentos não é humano. É da natureza de quem respira, sente e tem memória olhar para trás e perceber que tem, sim, alguma coisa, várias coisas, pequenas e gigantescas coisas que poderia, ou que não deveria, ter feito. Por mais que se saiba racionalmente que nada acontece por acaso (ou à toa), é impreciso dizer em qual resultado essa lembrança pode desaguar. Acredito numa linha tênue que separa a amargura do arrependimento da boa lição aprendida. O ressentido lembrar aperta o coração, traz melancolia, resignação, um gosto de derrota. O arrependimento que vira experiência do bem é trampolim para o esforço em não repetir ou, pelo avesso, dedicar-se em observar o momento certo para, sim, fazer o que deveria ter feito ou dito. Na balança das duas coisas, uma palavrinha faceira que adora um bom teste: sabedoria. Tenho reparado que não apenas eu me queixo da falta de tempo (há anos entendi o quanto essa moeda tem sido demasiadamente cara). De tanto pensar a respeito

Com que ouro eu vou

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Eu percebo quando faz tempo que não blogo por dois motivos: 1º pela síndrome de abstinência, 2º porque os amigos começam a cobrar "tirou férias do blog?". Mas, há épocas assim mesmo: falta tempo, falta tempo demais. Assunto, não, tem sempre sobrando, tantos que esqueço quase tudo :0 Hoje mesmo precisei ir a um município vizinho e a viagem foi riquíssima. Preferi ir de fretado e foram quase 3 horas, entre ida e volta, de leitura tranquila sob a direção de um motorista igualmente sossegado e sem pressa. Ainda estávamos na Av. Paulista quando dei uma olhada nos ônibus ao redor: lotadíssimos, nervosos, motoristas acelerando mesmo parados como se quisessem passar por cima daquele mar de carros. Nós, no fretado, estávamos enfrentando o mesmo trânsito, mas com ânimos completamente diferentes. E aí, eu fiquei pensando: a gente passa a vida querendo ser fretado, mas acaba mesmo é sendo ônibus comum. E sabe por que? Porque a gente deixa tudo o que está fora interferir no nosso humor e

Farofa boa de amor

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Já faz algumas semanas que ando com uma certa inspiração para cozinhar. Nada de mais, não, sou bem feijão com arroz e salada, nunca tive o dom para essa arte. De vez em quando sai uma massinha boa ou um risoto marromeno, mas meu forte mesmo é degustar. Hoje, respondendo à inspiração, preparei o almoço de domingo. Acho que é coisa de amor essa história de ir para a cozinha de vez em quando e preparar com cuidado e dedicação uma coisinha bem gostosa para quem vive conosco. Mas, um detalhe é mega-importante: além do sabor bom, a comida precisa ser saudável. Entre outras cositas, preparei uma farofa ma-ra-vi-lho-sa. Pode copiar, recriar, aproveitar a vontade. Não tem medida, não, pode misturar a gosto que vai ficar gostoso. Dá uma olhadinha: 1. refoguei a cebola em pouco óleo; 2. acrescentei farinha de mandioca torrada, fibra de farelo de trigo integral torrada e farinha de linhaça; 3. acresentei tudo picadinho: 2 ovos cozidos, 2 bananas, uma barra de tofu e sal; 4. um pouco de margarina e

Canções de Narciso

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Desde que o ser humano existe há vaidade no mundo. Pinturas nas cavernas trazem essa história, maquiagem indígena é coisa famosa, Cleópatra virou mito pela beleza. Hoje, a vaidade, mais do que nunca, virou indústria capaz de fabricar comportamentos e conceitos duvidosos, na maioria das vezes. Entretanto, essa vaidade só é poderosa assim graças a uma outra: a vaidade da alma, ainda mais perigosa. Essa vaidade, mãe do orgulho e da "superioridade", no mínimo, provoca separações. Mas é ela também que mantém pessoas aparentemente juntas: uma conhecida outro dia me disse que continuava com o namorado porque não queria dar o braço a torcer para as "outras" que o assediavam. "Você gosta dele?", perguntei. "Não sei, acho que não mais, ele me traiu muito", foi a resposta. Sinceramente, nem sei o que dizer numa hora dessas. E vamos ser justos, não é só mulher que se deixa arrebatar pela danada da vaidade: os homens, na ânsia de "demarcar território&quo

O caso Bruno

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Casos como o dessa moça Eliza e do jogador Bruno, do Flamengo, mais do que me espantar, me entristecem profundamente. Voltando um pouco na história do rapaz, pelo que ouvi e li, o jogador foi abandonado pelo mãe com poucos meses de vida e o pai faleceu logo, depois de cumprir pena por homicídio e afins. Criado pela avó, Bruno tentou reaproximar-se da mãe sem sucesso. Alcóolotra, essa senhora hoje está internada para desintoxicação e a avó, que criou o rapaz, anda sedada ultimamente, dado o choque pela suspeita de homicídio contra o neto. Independente se Bruno matou ou não Eliza, o filho do casal já nasce com o carma bem parecido ao do pai. Assustador. Se foi Bruno o autor do crime, essa criança viverá sob o signo inominável do verdadeiro terror. Que valores essa criança carregará? Que emoções lhe foram amputadas? Terá ele alguma escolha de viver sem essa sombra? Sua vida foi, prematuramente, dirigida ao lixo? Ainda ontem comentava que acredito muito que características físicas similare

2014 tem mais

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Eu entendo lhufas de futebol e acho até meio bobo aquele bando de homem correndo atrás de uma bola enquanto bilhões de pessoas se roem atrás do melhor resultado para "seu" time. A comoção, especialmente do brasileiro, que deixa de trabalhar para pintar-se de patriota, me incomoda, sério. Já viu brasileiro usar verde e amarelo em outra ocasião? Já viu brasileiro se monopolizar tanto, TANTO, para reivindicar algum direito, lutar contra a corrupção, eleger (ou não) algum político, falar da saúde pública, transporte, educação? Nananinanão. Brasileiro gosta é de diversão, qualquer outra coisa é chata demais para merecer sua atenção. Outro dia, precisei me descolar entre o primeiro e segundo tempo e fiquei impressionada: São Paulo nunca esteve tão quieta e vazia, nem em feriado. O único ruído que se ouvia era da torcida e dava até pra saber a quantas andava o jogo. Um circo, sorry, um circo mesmo. E a televisão, então? Nunca vi tanto tempo dispensado a um assunto, nem o impeachment

Desapegar ou valorizar?

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Li em algum lugar que é preciso treinar o desapego. Assunto complicado e difícil, principalmente para quem precisou se acostumar demais às perdas. Pois é, o grande problema com o tal do desapego é que ele, frequentemente, é associado a essa palavrinha dolorosa: perda. Talvez a diferença esteja na semântica e não no conteúdo da palavra. Bora ver. Vamos imaginar que você tenha trabalhado muito arduamente para comprar um carro e que precise dele para trabalhar e dar mais conforto à família. Tá, é um bem material e deveríamos estar acima dessas coisas. Bobagem. Grandessíssima bobagem. Vivemos num mundo em que rejeitar a matéria como bem faz tão mal quanto ser escravo dela. Continuemos: você foi lá e comprou o carro. E aí, só porque ouviu dizer que ter apego a esse bichinho que quis tanto é sinal de mediocridade, você não sofre quanto lhe roubam, é isso? Numa outra situação, você, depois de muito tempo batendo a cabeça, encontrou um grande amor, daqueles que valem a pena o investimento. Par

Vem pra luz, Caroline

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Eu cresci ouvindo que sinceridade demais é defeito. Acho que por tempo demais comprei essa inverdade, como se eu tivesse que esconder minhas opiniões e observações quase feito um pecado. Há bem pouco tempo eu consegui amadurecer essa história que me incomodou tanto e tem sido possível resolver um bocado de insatisfações por causa disso. Essa semana, conversando com amigos de turmas diferentes, o assunto foi bem parecido: falar ou não falar, se afastar simplesmente, disfarçar (que é igual a fingir, pra mim) ou simplesmente deixar pra lá pra não ficar com fama de "mau" ou sozinho. Eu disse, e repito, que a gente vive numa sociedade muito hipócrita, a gente nem sabe em quem confiar porque o mundo tem as mesmas caras e bocas e usa as mesmas desculpas e artifícios. Desde pais e filhos, passando pela relação de trabalho, pela afetiva até as pseudo-amizades, a maioria de nós prefere a comodidade dos esconderijos ao esforço das relações verdadeiras. Aí que tá: esforço em termos, né?,

Osmose social

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Há pessoas que extraem de nós o nosso melhor. Perto delas, conhecemos a tranquilidade, a ternura, a confiança. Sorrimos com leveza, somos interessados de verdade, o corpo inteiro fala como quem diz "estou inteiro aqui, concentrado nesse momento bom". Outras pessoas, entretanto, carregam consigo um ferimento tão letal que é capaz de estimular nossa pior parte. E, aí, somos o oposto do "amigo", somos feras com quase o mesmo veneno do agressor. Tem ainda a turma que não nos inspira a nada: perto dela sobrevive a apatia do "frio hoje, né?" e do "trânsito terrível". Viver ao lado de gente assim é como almoçar mingau de maizena todos os dias. Como esse grupo é morno demais, não faz "fá nem fu" como diria uma amiga, vamos deixá-lo pra lá. Um dos enormes desafios da minha vida tem sido não me deixar provocar por esses "estímulos" alheios: estar perto de gente boa é fácil, mas conviver com alguém que difere completamente da nossa manei

Além do seu quadrado

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Há tempos venho me perguntando o que é o entendimento humano. A gente pensa, pensa, pensa, mas entende alguma coisa? Talvez a gente chegue num vago raciocínio quando junta 2 e 2 e, aí, acredita que compreendeu, que sabe, tem certeza de tudo. Quanto mais o tempo passa (e ele é bem hábil em passar rápido), eu percebo que podemos, sim, enxergar um pouco da vida, mas sempre a respeito de nós mesmos. Assumir definições esteriotipadas é tarefa capciosa demais para quem pretende carregar consigo alguma verdade sobre todas as coisas. A gente escuta uma história, mas os ouvidos estão ouvindo só a parte que precisa para satisfazer uma necessidade qualquer. Nossos olhos estão ali, vidrados numa pessoa, vendo todos os gestos e linguagem corporal dela, mas o que captamos é exatamente aquilo que precisamos para usar como desculpa ou argumento depois. É exatamente sobre esse ponto que fico bem confusa: seria isso egoísmo? Ou seria deficiência? Apenas falta de uma visão mais abrangente? Ou incapacidad

Turning on

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Por conta de um projeto retomado, hoje perguntei no Twitter o que seduzia meus seguidores. As primeiras respostas foram masculinas: cabelo comprido e bem tratado + lingerie. Na sequência, a ala feminina se manifestou: a campeã no quesito sedução é a inteligência masculina. Uma das seguidoras rebateu quase numa crítica: os homens são mais visuais, não todos, ela ressaltou, mas a esmagadora maioria. É, pode ser, mas há algumas boas, raras e deliciosas surpresas nesse caminho. Acho meio óbvio um homem deixar-se seduzir por uma lingerie ou teatrinho feminino, como desfilar longas madeixas (mesmo que sejam aplique), mexer o cabelo pra lá e pra cá, cruzar as pernas ensaiadamente, e todo o resto que todo mundo sabe. Meio óbvio também é a sedução (ou tentativa de) via artifícios que deixam desconfortável grande parte das mulheres (poucas são as que gostam de verdade). Por conta desse conversé todo, eu me lembrei das melhores seduções ever: a sedução da leveza, da alegria, da confiança e do pra

Dores do ócio

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Sempre ouvi que a maior virtude da vida é a paciência. Pode até ser, desde que não confundida com a complacência, mãe de toda a preguiça e de todo adiamento que fazemos. Talvez por conta dessa confusão, a cada dia que passa me convenço mais de que nada deve ser adiado, absolutamente nada. Nem uma conversa, nem um abraço, nem um trabalho, telefonema, pedido, esforço, passeio, choro ou sorriso. Cheguei num ponto da minha vida que adiar significa correr o risco de ver, lá na frente, uma situação fora de controle, grave, descuidada, talvez irreversível. Como adiei muita coisa no passado, sei bem do que estou falando. Fiquei pensando ontem na quantidade de filhos desajustados cujos pais são boas pessoas e ninguém sabe como tudo começou. Certamente, desde muito pequena, a criança esteve lá mostrando sua personalidade esquisita, ou foi apenas alargando seus limites, enquanto pai e mãe estavam com preguiça demais para corrigir, achando talvez que a escola fosse dar jeito, ou a própria vida. Ad

Amor é pão

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"Ela queria ser amada. Só pra ter ânimo de fazer todas as outras coisas: comer, cantar, sorrir, trabalhar, visitar a mãe, comprar sapatos, tomar café com leite, fazer supermercado (...)". Esse trechinho é de um blog chamado "Caras como eu", de Gabito Nunes. Eu achei fofo, bem a minha cara, por isso copiei. Engraçado como tem coisa que a gente lê e jura que foi a gente que escreveu, de tão igualzinho que é ao coração da gente. Mas, essa graça do amor, esse ânimo que o amor devolve, o viço da cor da cerejeira só acontece no amor dividido. Amor platônico ou solitário, ou aquele amor de manhã vazia, gera uma dor que não vale a pena. Não vale mesmo. Que me perdoem os mais poetas, que acreditam que qualquer amor interessa: romântica convicta demais para ser taxada de insensível, estou mais do que habilitada para dizer que não, tem amor que não vale a pena. Para esses casos, a melhor dica é: sentiu sinal de fumaça encardida? Run, Forest, run!!! Só tem um porém nessa histór

Clube da Cantoria

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Meus queridos amigos e leitores deste blog, nos ajudem a divulgar o mais novo e exclusivo espaço para cantadores de música regional e autoral, please. Se conhecerem alguém no perfil, nos avisem também e faremos contato diretamente. Beijos, super-obrigada ;) O que é o Clube da Cantoria? Espaço para a música regional e autoral. Objetivo: Reunir músicos e compositores em um único espaço, visando a divulgação de seus trabalhos e atividades de forma individual nas mídias sociais (Twitter, Facebook, Orkut, Blog). Como é? O músico cadastrado deverá enviar para um único e-mail (da divulgadora), o material que deseja veicular. Além do material enviado, também serão divulgados os perfis nas mídias sociais individualmente (seu próprio Orkut, Twitter, Facebook, Blog e Site) e diariamente. Como participar Solicitar o cadastro por e-mail, enviando dados pessoais e foto para identificação no blog. Após o cadastro, será necessário o envio de seu mailing (o envio de seu mailing acelera o processo de di

Na saúde e na doença

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“Na prosperidade, nossos amigos nos conhecem. Na adversidade, conhecemos nossos amigos”. Essa frase, de John Collins, me apareceu no Twitter hoje e, apesar de todo mundo estar cansado de receber frase feita desse tipo, é sempre bom parar pra pensar a respeito: quando estamos bem somos humildes e solidários com nossos amigos? E eles, quando estamos enfrentando problemas, foram cultivados por nós o suficiente para ficarem ao nosso lado? Certamente conheci meus melhores amigos durante meus piores problemas e me pergunto: fui amiga quando estava tudo pra lá de ótimo comigo? Qual o termômetro das nossas amizades? Existe um número "bom" de amigos, que nos diga o quanto somos queridos? No querido http://conspirar.wordpress.com/ , li também: “Uma mentira dá uma volta inteira ao mundo antes mesmo de a verdade sequer conseguir se vestir”.(Winston Churchill) Meu comentário por lá foi: "é que a verdade é, geralmente, preguiçosa e cheia de presunção: ela acha que, por si só, é capaz

Sementes da mudança

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APÓS PERCORRER QUATRO CONTINENTES, A CIDADE DE SÃO PAULO RECEBE A PREMIADA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL QUE ALERTA E CONSCIENTIZA SOBRE O PODER E A RESPONSABILIDADE QUE CADA UM DE NÓS POSSUI PARA EMPREENDER UMA MUDANÇA POSITIVA E FAZER PARTE DESTA MUDANÇA. Significado: A Exposição “SEMENTES DA MUDANÇA: A CARTA DA TERRA E O POTENCIAL HUMANO” foi criada pela Soka Gakkai Internacional (SGI) e pela Iniciativa da Carta da Terra, sendo apresentada pela primeira vez na Conferência Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, em Joanesburgo, em 2002. Organizada em torno dos 4 princípios gerais defendidos na CARTA DA TERRA (elaborada pela Comissão Mundial das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 1987): 1) respeito e cuidado com a comunidade da vida; 2) integridade ecológica; 3) justiça social e econômica; 4) democracia, não-violência e paz; Foi traduzida para inglês, espanhol, chinês, italiano, francês e recebe agora sua versão em português. Sobre a exposição: Por meio de 30 painéi

Noite que vira dia

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A pauta do dia foi perda. Parece que todo mundo combinou o assunto: na hora do almoço, à tarde e depois à noite. Ô assuntinho desconfortável, eu não gosto. E não foi só da perda da morte que falamos exclusivamente, foi de todo tipo: filhos que se vão para morar com o pai, casamentos terminados, emprego, amizades "destruídas". Aquilo que antes parecia eterno, de repente bum!, acaba. A sensação que fica é de total falta de chão, um desassossego na alma, parece que nada mais tem jeito. É o fim de um ciclo, de uma fase, de uma história. O que me intrigou nessas prosas todas foi ninguém reparar nas perdas claramente positivas: não se perde só coisas boas, deixamos pra lá também as coisas ruins e muitas vezes nem é por opção consciente, é porque a vida evolui mesmo, os níveis ficam diferentes, os propósitos idem e, aí, é inevitável a ruptura. Sem falar também que na perda triste há um ganho homérico quando se entende o que é preciso: perder um emprego significa, muitas vezes, ter q

100 dias

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Hoje pela manhã me dei conta do quanto minha vida mudou nós últimos 3 meses. Abatida pelo final de ano confuso e início de 2010 sem grandes perspectivas, bastou meu chega-pra-lá poderoso pra mandar toda a estranheza embora. É incrível, mas uma decisão profundamente convicta pode, realmente, nos encaminhar para o rumo certo. Nos últimos 100 dias eu "casei", essa é a palavra certa. Casei com o homem da minha vida e nunca, nunca antes, consegui compartilhar tanto, em tantos níveis e tão cotidianamente como agora. Não há medo, nem complicações, nem "ses": somos juntos a certeza do que queremos. Também nessa leva de tempo, minha sobrinha veio morar comigo e me tirou completamente da rotina! No começo, como todo começo, estranhei, mas já estamos no ritmo. E sabe o quê?, está sendo ótimo. Há 3 meses, 3 funcionárias novas. Um mega-evento de 45 dias. Viagens, amigos novos, planos, estratégias do bem, cumplicidade, amigos antigos mais amigos ainda, felicidade. Ontem, uma amig

Pequenos desrespeitos

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Todos os dias eu fico indignada com o desrespeito e a falta de educação que tomou conta de todo mundo. Fico intrigada com a maneira como "ser folgado" e oportunista se transformou em moda. A pressa, o trânsito, a politicagem (para citar apenas alguns exemplos) se tornaram desculpas para todo tipo de malcriação: ninguém mais pede licença, nem liga para o tempo do outro. O que importa mesmo é garantir o seu. Claro que isso se reflete na sociedade de modo desastroso: o que é público há muito é de ninguém e ninguém se importa com as calçadas, com o lixo, com os gastos do governo, nem com o candidato que será eleito. Chegamos, faz tempo, ao ponto do "tanto faz". Outro dia, cheguei a pensar que eu é que sou a errada, tamanha irritação em que fico ao me deparar com gente sem respeito por si, pelo outro e, claro, pelo coletivo. Espero, sinceramente, que esse ano de eleição seja de um pouco de discernimento. Além da conduta mais honesta e homana no dia-a-dia, votar melhor é

De peito aberto

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CONVITE aos seguidores desse blog VI Jornada da Saúde: Evento em comemoração ao Dia do Trabalhador da Saúde, no período de 10 a 14 de maio de 2010. Palestra Interativa sobre o livro "DE PEITO ABERTO, a auto-estima da mulher com câncer de mama, uma experiência humanista" Dia: 14/05 Horário: das 10:30 às 12:00 Local: sede do SINSAUDESP - Rua Tamandaré, 393 - Aclimação. Inscrição: Gratuita. Para participar basta enviar e-mail para cursos@sinsaudesp.org.br com os dados solicitados na ficha de inscrição acima. Serão concedidos certificados aos presentes. Informações pelos telefones: 3345-0035/3345-0050, Setor de Projetos e Cursos, com Edna Maria dos Santos, Coordenadora de Projetos e Cursos / Cristiano / Diana / Margareth.

Red pill

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Hoje eu andei um pouco a pé pelo bairro atrás de pequenas coisas caseiras. Adoro fazer isso. Me dá a sensação de viver uma vida mais solta ficar olhando cadernos e pastas, papelaria me fascina! É como visitar loja de material de construção: parece que entro num paraíso de coisas lúdicas, onde eu posso construir tudo, imaginar qualquer coisa. Deve ser a minha criança querendo brincar. E em dias um tiquinho mais leves como esse, eu sempre olho melhor o meu coração, lembro dos rostos de quem amo, das expressões tão queridas, das palavras boas que ouço, das amizades, das coisas que a vida ensina através de toda gente com as quais convivemos. Claro, então, que pensei no amor, já viu sentir o coração sem sentir amor? Pois foi assim que percebi uma coisa deliciosamente amazing: eu exercitei tanto o amor na minha vida, por tanto tempo, e, sobretudo, desejei tanto, mas tanto, amar certo, do jeito honesto que constrói e engrandece, que estou aprendendo, sabendo todo dia um pouco mais como se viv

A César

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Já faz tempo que eu observo o quanto todo mundo acha a vida injusta. Outro dia mesmo, minha faxineira disse "não entendo por que algumas pessoas tem tanto e outras tem tão pouco". Pois é. Como budista que sou, e excessivamente rigorosa com algumas questões, devo dizer que não acredito em injustiça da vida. Acredito no homem injusto e olhe lá. Se a gente for levar ao pé da letra, se há injustiça humana é em retribuição a um desacerto humano na outra ponta também. O fato é que esse tipo de sensação (vítima) faz com que todo o resto da humanidade, todas as plantas, insetos e baleias sejam carrascos aos olhos de quem é tão "desprivilegiado". Bora, gente, bora assumir a responsabilidade de guiar a própria vida e destino. Fica um pouco pesado no começo, mas a sensação de liberdade é indescritível e maravilhosa com o passar do tempo, quando a gente vai tomando prumo e ficando forte. Sabe um músculo sem movimento por um tempo? Fica fraquinho, qualquer coisa cansa no começo,

Passageiro que voa

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Recebi um texto lindo de aniversário, impossível de reproduzir, mas completamente impossível também de não mencionar. O email falava do tempo, de como o sentimos, dependendo do que sentimos, do que esperamos, de como enxergamos (ou não) o passar das horas. O texto contava de quantas vezes passamos pelo mesmo lugar e sobre quantas maneiras o caminho pareceu insuportável por anos (alguns sem fim até hoje) ou uma alegre viagem de minutos. De quantas semanas duraram décadas e de quantos anos não ocupam sequer um dia inteiro. De quantos sorrisos inesquecíveis, quantos sonhos alimentados, quanta dor percorrida. Tudo para nos ensinar o significado da palavra eternidade. O tempo passa, mas é eterno, afinal. Amizades longas, "casamentos que mal preenchem os feriados da folhinha, tristezas que nos paralisam por meses, mas que passados os dias difíceis, mal guardamos lembranças". O email termina dizendo que o relógio do coração bate numa frequência diferente da do relógio. Pode s

Os magos do castelo

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Quando a gente não quer mais uma coisa, ela deixa nosso nível de vida. Tudo uma questão de escolha mesmo ;) Os Cegos Do Castelo (Nando Reis) Eu não quero mais mentir Usar espinhos que só causam dor Eu não enxergo mais o inferno que me atraiu Dos cegos do castelo me despeço e vou A pé até encontrar Um caminho, o lugar Pro que eu sou Eu não quero mais dormir De olhos abertos me esquenta o sol Eu não espero que um revólver venha explodir Na minha testa se anunciou A pé a fé devagar Foge o destino do azar Que restou E se você puder me olhar E se você quiser me achar E se você trouxer o seu lar Eu vou cuidar, eu cuidarei dele Eu vou cuidar Do seu jardim Eu vou cuidar, eu cuidarei muito bem dele Eu vou cuidar Eu cuidarei do seu jantar Do céu e do mar, e de você e de mim