Amor e verdade
Ontem eu ouvi histórias sobre os comentários dos meus sobrinhos, aquelas perguntas embaraçosas que só as crianças sabem fazer no meio do nada. Por essas e outras, a gente sempre acha que as crianças são inteligentes demais porque "pegam as coisas no ar". Por "pegar as coisas no ar" entende-se prestar atenção aos sinais e frases truncados que nós, adultos, "deixamos escapar" de vez em quando.
Acredito que um dos maiores dilemas da vida adulta é saber quando e como falar e quando calar. A dúvida nasce do medo da reação do outro, da ruptura que pode acontecer e da contrapartida que poderá vir. Afinal, o que os adultos mais desejam nessa vida é ter controle de tudo. Por conta disso pensamos que perdemos a capacidade de "pegar as coisas no ar". Não perdemos, não, nunca, apenas fingimos e preferimos adiar o que pode ser uma discussão para um ponto tão distante que pode tornar-se irreparável. A dúvida sobre nossa capacidade de falar direito, de maneira a não ofender ou magoar, e nossa falta de sabedoria para nos colocar como parte do problema e, portanto, também parte da solução, dá o freio em qualquer pergunta ou comentário mais delicado.
Eu já enfiei muitas vezes os pés pelas mãos na tentativa de viver com mais verdade e transparência. Já afastei pessoas e me afastei delas também por me considerar incapaz de me fazer de cega ou desavisada. O preço sempre foi alto, mas valeu a pena cada centavo pago: eu consigo dizer hoje que as relações importantes da minha vida são mais sólidas e inteiras por causa disso. Tudo que foi incerto, errado ou duvidoso não durou o tempo suficiente para marcar meu futuro irreversivelmente.
Todas as mensagens importantes estão prontas para serem "pegas no ar". Os sinais existem nos olhares, nos gestos e no comportamento de todos nós. A escolha entre aceitá-las e resolvê-las ou disfarçá-las faz parte do tipo de vida que pretendemos ter. Aquela ruptura que tememos promover com uma pergunta direta pode ser, na verdade, o primeiro passo para o fortalecimento de uma relação. Depende unicamente da intenção de quem pergunta e da disposição de quem responderá.
Da minha parte, sinceramente, apesar de toda dor que a verdade às vezes traz (enquanto ainda não nos acostumamos a ela), foi (e é) tudo muito justo e muito rico: nada, nada mesmo é mais valioso do que saber que somos amados pelo que somos e não pelo que aparentamos ser. E amar o outro exatamente pelo que ele é, e pelo compromisso que se tem consigo mesmo e um com o outro, compensa qualquer descompasso, fortalece qualquer coração, traz coragem a qualquer desafio. O amor, afinal de contas, só existe se houver verdade nele. Caso contrário, é como uma droga: vicia, mas é por doença. Como já dizia Vladimir Maiakovski, "amar não é aceitar tudo. Aliás, onde tudo é aceito, desconfio que há falta de amor." É preciso coragem para construir ao invés de apenas erguer.
Pra terminar esse assunto que não tem fim, a frase de um autor desconhecido "depois de tudo somos um só; juntos sofremos, juntos existimos, e para sempre recriaremos um ao outro".
Beijos a todos e bom retorno ao blog (eu andava com saudade desde as férias ;)).
Acredito que um dos maiores dilemas da vida adulta é saber quando e como falar e quando calar. A dúvida nasce do medo da reação do outro, da ruptura que pode acontecer e da contrapartida que poderá vir. Afinal, o que os adultos mais desejam nessa vida é ter controle de tudo. Por conta disso pensamos que perdemos a capacidade de "pegar as coisas no ar". Não perdemos, não, nunca, apenas fingimos e preferimos adiar o que pode ser uma discussão para um ponto tão distante que pode tornar-se irreparável. A dúvida sobre nossa capacidade de falar direito, de maneira a não ofender ou magoar, e nossa falta de sabedoria para nos colocar como parte do problema e, portanto, também parte da solução, dá o freio em qualquer pergunta ou comentário mais delicado.
Eu já enfiei muitas vezes os pés pelas mãos na tentativa de viver com mais verdade e transparência. Já afastei pessoas e me afastei delas também por me considerar incapaz de me fazer de cega ou desavisada. O preço sempre foi alto, mas valeu a pena cada centavo pago: eu consigo dizer hoje que as relações importantes da minha vida são mais sólidas e inteiras por causa disso. Tudo que foi incerto, errado ou duvidoso não durou o tempo suficiente para marcar meu futuro irreversivelmente.
Todas as mensagens importantes estão prontas para serem "pegas no ar". Os sinais existem nos olhares, nos gestos e no comportamento de todos nós. A escolha entre aceitá-las e resolvê-las ou disfarçá-las faz parte do tipo de vida que pretendemos ter. Aquela ruptura que tememos promover com uma pergunta direta pode ser, na verdade, o primeiro passo para o fortalecimento de uma relação. Depende unicamente da intenção de quem pergunta e da disposição de quem responderá.
Da minha parte, sinceramente, apesar de toda dor que a verdade às vezes traz (enquanto ainda não nos acostumamos a ela), foi (e é) tudo muito justo e muito rico: nada, nada mesmo é mais valioso do que saber que somos amados pelo que somos e não pelo que aparentamos ser. E amar o outro exatamente pelo que ele é, e pelo compromisso que se tem consigo mesmo e um com o outro, compensa qualquer descompasso, fortalece qualquer coração, traz coragem a qualquer desafio. O amor, afinal de contas, só existe se houver verdade nele. Caso contrário, é como uma droga: vicia, mas é por doença. Como já dizia Vladimir Maiakovski, "amar não é aceitar tudo. Aliás, onde tudo é aceito, desconfio que há falta de amor." É preciso coragem para construir ao invés de apenas erguer.
Pra terminar esse assunto que não tem fim, a frase de um autor desconhecido "depois de tudo somos um só; juntos sofremos, juntos existimos, e para sempre recriaremos um ao outro".
Beijos a todos e bom retorno ao blog (eu andava com saudade desde as férias ;)).
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