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Mostrando postagens de fevereiro, 2011

Adeuses

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Eu estava folheando a Veja depois do almoço quando me deparei com a matéria sobre a tragédia na serra fluminense. No depoimento de um pai que perdeu a filha de 16 anos pude sentir a dor: "minha filha fazia tudo para mim, cortava meu cabelo, fazia minha barba. Acho que ela não tinha ideia do quanto eu a amava". Lembrei de uma amiga que ontem me contava sobre o fim de um relacionamento de 7 anos. Chorando, ela disse: "a gente se amava tanto, tanto! Como é que terminou assim?", e eu, pra não chocá-la num momento de tanta mágoa, só consegui responder "dê tempo ao tempo". Perdas tão distintas como essas, de amores e prazos tão diferentes, machucam pela ausência do outro, sim, mas também pela culpa de não ter feito e dito, não ter tentado, por ter adiado, por ter se ferido com o orgulho de que as relações são imperecíveis. O pai em luto jamais esquecerá sua dor. Entretanto, quando sua angústia for anestesiada pela sobrevivência, seu olhar sobre os outros filhos

Uma escolha no meio do caminho

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Outro dia, andando pela rua, eu ouvi: "a paz não tem preço", e eu pensei: tem, sim, e é bem caro. A gente sempre pensa que os sentimentos da alma são fruto do além, da casualidade temperamental da força divina. Poucos de nós lembra que a relação entre o sentimento e o ambiente está intrisicamente ligada à responsabilidade de cada um de nós em alimentar a tranquilidade ou o desespero. É comum lamentar uma situação e esquecer completamente a raiz do sofrimento. Se olharmos em retrospectiva e com bom senso, fatalmente enxergaremos o motivo numa má escolha, na preguiça em corrigir um rumo ou na permissividade. Ainda ontem, alguns amigos comentavam sobre a relação com os filhos e em como estar presente, observando e educando de fato é trabalhoso e árduo, mas que é a única garantia de não lamentar no futuro. Quem delega a educação dos filhos à escola e à sociedade está se esquivando e sentenciando a família a sofrer severos danos no futuro. Da mesma forma, delegar o que quer que se

Qual é a sua idade?

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Existe um tempo para cada coisa na vida. Ouvir isso quando criança é muito frustrante e continua sendo quando a gente cresce. Não queremos saber de esperar ou de desapegar: queremos tudo exatamente no momento em que, no auge do mimo, batemos o pé para conseguir. Mas assim como pai e mãe sabem a melhor hora para o filho dormir, comer ou estudar, a vida continua fazendo esse papel conosco até que, enfim, a gente aprenda a tomar conta de si. Enquanto muitos envelhecem (e essa é a palavra mesmo, pois apenas somam anos à vida), muito poucos amadurecem e aí está a grande diferença entre resignar-se e compreender. Compreender é verbo de adulto. Durante o dia nos relacionamos com crianças de 35, adolescentes de 40, meninas e meninos de cabelos brancos e tempo suficiente vivido para ter aprendido a mudar a vida, evoluir. Enquanto isso, me impressiono com os filhos dessa leva de peters pan e cinderelas: jovens de 16, 20 anos obrigados a crescer pela incapacidade dos pais em amadurecer. É uma g