Osmose social
Há pessoas que extraem de nós o nosso melhor. Perto delas, conhecemos a tranquilidade, a ternura, a confiança. Sorrimos com leveza, somos interessados de verdade, o corpo inteiro fala como quem diz "estou inteiro aqui, concentrado nesse momento bom".
Outras pessoas, entretanto, carregam consigo um ferimento tão letal que é capaz de estimular nossa pior parte. E, aí, somos o oposto do "amigo", somos feras com quase o mesmo veneno do agressor.
Tem ainda a turma que não nos inspira a nada: perto dela sobrevive a apatia do "frio hoje, né?" e do "trânsito terrível". Viver ao lado de gente assim é como almoçar mingau de maizena todos os dias. Como esse grupo é morno demais, não faz "fá nem fu" como diria uma amiga, vamos deixá-lo pra lá.
Um dos enormes desafios da minha vida tem sido não me deixar provocar por esses "estímulos" alheios: estar perto de gente boa é fácil, mas conviver com alguém que difere completamente da nossa maneira de ver a vida é proporcionalmente o inverso.
O Budismo ensina a "influenciar o ambiente", ao invés de deixar-se influenciar-se por ele. Confesso que concordo plenamente com esse princípio e sei o quão possível ele é, mas, ainda assim, digo que é preciso muito treino, muita dedicação e atenção para não sucumbir vez por outra. Entendemos que devemos ser mais fortes, mas basta alguém nos desrespeitar ou negar um pequeno desejo nosso que nos embrutecemos. O que fazer?
Nada de grandioso a ser feito, não. O único remédio efetivo para manter o seu ânimo verdadeiro é respirar fundo, lembrar dos próprios objetivos e ter em mente que manter a sua própria sanidade emocional em bom funcionamente é o que importa. Se o seu coração chorar, ok, aliviar é necessário. Mas, não o deixe sangrar até a morte. Ninguém, nem nenhuma situação ruim, merece seu falecimento de esperança. Lembrar que sua felicidade absolutamente deve independer das circunstâncias é o primeiro passo para cultivar uma leveza esquecida nos dias de hoje.
Pois, como diria Carlos Drummond de Andrade, "a cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade".
Comentários
Aliás, você bem que poderia fazer isso, né, nem que fosse ali por onde eu comecei, no Clube de Autores. - Vou ficar no teu pé,agora!rs
- Beijo!!!