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Mostrando postagens de maio, 2009

Sopros sutis

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Anda pela Av. Paulista um morador de rua que me intriga. Ele deve ter entre 26 e 28 anos, é magro, alto, bonito, cara de quem estudou, conheceu um mundo muito diferente do que vive agora. Tem os cabelos na altura do queixo, em fio reto, finos, levemente ondulados por conta da falta de cuidado. Ele prende a parte da frente dos cabelos puxando para trás, numa espécie de rabo-de-cavalo. O rapaz empurra um carrinho de supermercado, carregando coisas que pega aqui e ali. Tem um cachorro que o acompanha preso a uma coleira feita de pano, parece uma camisa bem velhinha. Cachorro é bicho fofo mesmo: esse não late, nem rosna pra ninguém. Pelo contrário, mesmo nas vezes em que o vi solto, andava sempre perto do dono, dócil, dócil. Eu fiquei olhando o moço, sofrendo pelo desperdício da vida dele. Ele certamente acha que nasceu só para aquilo mesmo, que é sua única opção, que não há que se ter forças para mais nada, tudo tão difícil e complicado que é melhor ou mais fácil deixar pra lá. Ou talvez

Eu sei que vou te amar

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... o vídeo está no título. Boa voz, linda letra, sentimento inesgotável. Para quem ama. Eu Sei Que Vou te Amar (Tom Jobim / Vinícius de Moraes) Eu sei que vou te amar Por toda a minha vida eu vou te amar Em cada despedida eu vou te amar Desesperadamente, eu sei que vou te amar E cada verso meu será Prá te dizer que eu sei que vou te amar Por toda minha vida Eu sei que vou chorar A cada ausência tua eu vou chorar Mas cada volta tua há de apagar O que esta ausência tua me causou Eu sei que vou sofrer a eterna desventura de viver A espera de viver ao lado teu Por toda a minha vida

Receita de gente

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Fazia um tempão que eu não andava por aqui. Pura falta de tempo, rumei por outras bandas, agenda complicada e tudo mais. Estava com saudades. Muitas mesmo. Esse pedaço aqui é o meu "oi, as coisas estão assim" para um monte de gente ao mesmo tempo, gente que não vejo com frequência, gente que retribui, gente que não conheço. Não acho que seja fundamental pra ninguém, mas é para mim. E acredito que, vez por outra, alguém esteja vivendo uma fase parecida e se identifique e pare de se sentir um ET. Afinal, todo mundo se pergunta alguma coisa, duvida, questiona, acredita, sonha. Minha querida Lívia me enviou um texto supostamente do Jabor (difícil, nesses tempos de informações voláteis, saber ao certo. Particularmente, não acredito que seja dele, o texto estava mal escrito, andei corrigindo aqui e ali) e resolvi trazer pra cá. Apesar de não compactuar com alguns termos (mulher moderna, liberal, chifre, etc) nem com alguns conceitos simplistas, achei interessante essa busca por uma

Então...

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Ok, vamos explicar o que eu quis dizer com "absolutamente feliz" no post anterior :) O Budismo explica que há dois tipos de felicidade: a relativa e a absoluta. A relativa é aquela felicidade condicionada a alguma coisa ou a alguém: a criatura não consegue ser feliz SE não tiver muuuuiiiito dinheiro, SE não "tiver aquela" pessoa, SE não possuir aquele carro, SE não for contratada por aquela empresa, e por aí vai. Já a felicidade absoluta independe de qualquer coisa fora de si mesmo: é uma condição saudável e segura que se alegra com as conquistas, mas não se prende a elas. Quando escrevi "absolutamente feliz" foi por experimentar essa sensação boa de contentamento por minha causa mesmo, não por qualquer outra coisa. E, sinceramente, estou me dedicando muitíssimo para que esse estado perdure o máximo de tempo possível, pois é bom demais. Isso não quer dizer que eu esteja vivendo exatamente como acalento no meu coração (aliás, pelo contrário: estou longe das

Na boa fogueira

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Novidade na minha vida não é coisa rara, não. Acostumada que estou com as mudanças , já nem me assusto tanto, mas sempre me ponho a pensar sobre. Nos últimos dias, por exemplo, eu percebi o quanto eu havia esquecido uma vaidade sutil, aquela fina manta que a gente atenta quase sem querer, mas que distingue pelo gosto apurado. Não é sobre a vaidade do ego que falo, essa não tem cura, já desisti, faz parte da humanidade, seja em que grau for. É outra essa vaidade que redescobri (com surpresa por ter perdido): é a vaidade do luxo, aquele que satisfaz o olhar e o tato só por prazer mesmo, mais nada. Há tempos venho vivendo numa praticidade espartana a que eu própria me impus por pura necessidade de disciplina e segurança, senso de prioridade, organização, independência acima de tudo. A sensação que eu tenho, agora, é que construí um porto e que já é possível olhar para além da paisagem. É com um suspiro bom que me dou conta disso. Dá um alívio, sinto conforto, garantia. Tem um chão inter

O Twitter, segundo o Portal Exame

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Por que o Twitter merece atenção O serviço de troca de mensagens curtas toma o mundo de assalto - e começa a incomodar os gigantes Google e Facebook Até bem pouco tempo atrás, boa parte dos que ouviam falar do Twitter fazia cara de ponto de interrogação. Apesar de existir há três anos e contar com algumas centenas de milhares de usuários apaixonados mundo afora, o serviço de troca de mensagens durante muito tempo se manteve restrito aos aficionados de tecnologia e aos que trabalham na área digital. O apelo de compartilhar ideias em até 140 caracteres, em resposta à pergunta "O que você está fazendo agora?", de fato foi fácil de compreender, o que levou mais de um blogueiro a comparar a experiência ao sexo: você pode ler o que quiser a respeito, olhar fotos ou assistir a vídeos, mas só saberá do que se trata quando começar a fazer. Pois desde o começo deste ano muita gente decidiu experimentar o Twitter. Muita gente mesmo. A comScore, empresa de medição de audiência na inte

Rapidinhas

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No noticiário de ontem eu ouvi: "vaticano nega a simpatia do Papa com o nazismo". Mas, escuta, não é incrível ter que dizer isso? > e aquele deputado mauricinho que matou dois rapazes no Sul? Carteira apreendida há séculos, cheio de pontos na carteira, irresponsável e inconsequente, o sujeito foi transferido para o Einsten para tentar consertar o estrago nos ossos do rosto. Gravem o nome e o partido: Fernando Ribas Carli Filho (PSB); > tem gente que acha que o Sr. Brasil, da Cultura, é programa sertanejo. Ledo engano. O que passa por lá é música brasileira de primeiríssima qualidade (e causos deliciosos); > vocês acreditam que eu fui convidada para dar uma palestra sobre a "arte" de escrever? Eu nem tinha levado a sério no primeiro e-mail, mas, a coisa é de verdade mesmo. Eu vou, né?, aprender um pouco como se faz; > eu navegava pelo santo Google, fazendo uma pesquisa inocente, procurando cositas puras e castas, quando encontrei um site beeeem bom. Menin

Luva de pelica

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Ai, ai, blog é uma coisa boa mesmo. Adoro! Vocês não devem lembrar, mas, em 16 de março, eu publiquei um texto intitulado "Medidas, limites e outras procuras". Nele eu citava, não muito agradavelmente, um outro post que eu havia lido, do Augusto Branco. Pois é, hoje ele me escreveu, comentou minha malcriação, e, vou dizer com certo pudor, fiquei docemente surpresa. Quantas pessoas, ao lerem uma "crítica" (se é que se pode chamar assim), seriam tão bem-humoradas, gente? Obrigada, Augusto, bela lição de auto-estima. Ah, e para que vocês não fiquem curiosos, segue o comentário: "(rsrs) Legal ter encontrado o teu blog. Você escreve coisas bem contundentes, mocinha e... quero pedir desculpas se pareço ter desenhado um modelo feminino que torna as coisas mais difíceis pra vcs. Na verdade, eu apenas disse que gosto de mulheres ousadas - o que não significa que eu não goste das que não são ousadas também, rs. Ocorre que ser ousada é, muitas vezes, ser discriminada ou a

Dançando com vista pro mar

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Final de domingo. Que estranho, estou com a sensação de fim de feriado prolongado... e estou teimando para que esse dia não acabe. Dia tão bom, paz tão boa, nem quero pensar que, em algumas horas, já estaremos na segunda-feira. Assisti ao longo making off de Ensaio sobre a Cegueira. O filme é bom (bom mesmo), mas é feio e triste; o making off, entretanto, é simplesmente ma-ra-vi-lho-so, super-alto-astral, comovente. Fiquei pensando nas realizações que protagonizamos, nas construções, nos caminhos que escolhemos, nas pessoas envolvidas, nos sonhos, nas pequenas e grandes frustrações, na emoção, na vida toda que acontece enquanto tudo isso se processa. Engraçado que, mesmo sendo hoje o dia das mães, eu pensei mesmo foi na minha avó. Minha avó faleceu há alguns meses e acho que nunca me dei conta disso direito, a ficha tem caído aos poucos, devagar, como sempre acontece comigo. Minha avó faria aniversário no último 19 de abril, foi avó muito cedo e acho que, por isso, não teve tempo para

Minudências

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A semana acaba depois de dias bons e cheios. Hoje, particularmente, foi um dia fantástico, mas saí de casa às 8 e meia da manhã, o que, para mim, é cedo demais. Apesar de acordar às 7, não gosto de sair antes das 9. Esse é uma das minhas pequenas e irritantes manias - irritantes e entediantes - mas, que nem atrapalham tanto quando isoladas. O problema é quando elas se juntam na TPM, aí nem eu me aguento. Minha mais recente mania é o Twitter, a-m-e-i a ferramenta. Serve para comunicar, divulgar, blogar instantânea e resumidamente, encontrar profissionais bacanas e descobrir notícias antes que a maioria. Gostei tanto que indiquei para tudo quanto é assessor de imprensa, jornalista e afins. Tem gente que ainda resiste, mas é só porque não entendeu a função da coisa ainda. Se a Bandeirantes e a Cosmopolitan usam, quem sou eu para ignorar, né? Inexplicavelmente, apesar das manias serem alguma espécie de método benéfico, a rotina me aborrece sobremaneira (na mesma medida em que me assegura d

Uhu... corre neguinha...

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Gente, vocês não tem noção do que foi a reunião na minha casa hoje. Eu, que andava tão míope, tomei um choque de vida. Vida grande. E, uau, UAU, uma venda caiu. Às vezes, nesse processo de lapidar, a gente embrutece, né? Feito uma pedra mesmo, e cai no lamento pequeno da vidinha miúda, longe daquela delícia de se sentir "cheia", completa, estabelecida em si mesma, ereta. Não tem problema nisso, não: isso faz parte do humano em nós. Nossa porção humana é assim mesmo: desliza, tropeça, adoece, duvida, carece. Mas, nossa vida também tem muito de divino: é a porção que recupera, levanta, cura, acredita, doa. Daí a grandessíssima importância do treino, do desejo de deixar o coração e a mente fortes e alinhados e divinos na sua forma mais saudável. Funciona quando a gente mais precisa. Eu pretendo viver mais 50 anos, isso é mais do que vivi até hoje. E quero que sejam os 50 anos mais felizes da minha vida, os mais produtivos, os mais efetivos, os mais acompanhados. Os 50 anos mais