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Mostrando postagens de 2011

A nação somos nós

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Quando precisamos, deixamos o carro sempre na mesma oficina. O atendimento é cordial, a oficina é limpinha (mulher pode entrar sem se preocupar em sujar o vestido), o serviço é rápido e o preço é justo. Na hora de pagar, a maquinha do cartão fica no escritório do dono. Na parede, vários diplomas da Loja Maçônica. No diploma de Mestre está escrito "Amor e Trabalho". Eu sorrio, agradeço, desejo boas festas a todos e vou embora. No caminho de volta me lembro de que não recebi nota fiscal. Aliás, nunca recebi nota fiscal de lá. Eu fiquei me perguntando: ele é bom trabalhador, bom cidadão, mas sonega?; ou é bom trabalhor, mas não é bom cidadão (porque sonega)? Ou será que é assim mesmo nesse país? Afinal, pagamos tantos impostos, tanto dinheiro não usado para seus devidos fins e que vai parar nas mãos de alguns, que revolta a gente. Além do mais, quem sobrevive pagando tanto imposto??? Outro dia, recebi o boleto do sindicato do qual minha empresa participa (não por livre e

A vida para viver

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Ouço todos os dias a queixa de que a vida é curta. Mas, ontem, pensando e pensando, cheguei a conclusão de que a vida é longa. Viver 80, 90 anos nos dá tempo suficiente para aprender e aproveitar a vida. O problema é que demoramos a aprender a viver e, quando finalmente começamos a aprender, a vida já está no fim. Aí fica a sensação de que não houve tempo para aproveitar, para saborear o que foi aprendido. Parece que não houve tempo para curtir a vida. Ninguém acerta sempre. Não é humano acertar sempre. Mas arriscar tudo por qualquer coisa é ter uma miopia gigantesca na alma. Alguns riscos são importantes e enxergar a longo prazo ajuda a escolher os que valem a pena correr. Não é saudável atropelar os anos e todas as pessoas, fazendo coisas como se não houvesse consequência para cada escolha. Viver não é passar de ano. Fiquei imaginando quais seriam as pequenas regras de ouro para uma vida melhor e longa, no sentido de "vivida de verdade, com valor". Certamente a lista é

Ninguém nasce sabendo, mas morrer sem aprender é outra história

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Algumas vezes a vida parece piorar de repente e fica difícil, achamos até impossível que ela melhore, volte a ser feliz, como em alguns momentos ela foi. A maioria de nós sustenta esse percalço por anos, acreditando que a vida é aquilo mesmo, não há nada o que fazer; ou, se há, é difícil demais para, sequer, iniciar. A vida transforma-se num luto sem fim. Saímos até a procura de algumas palavras de conforto, e dá-lhe filme de superação, frases feitas no Google e livros de auto ajuda. Mas o efeito dura pouco: na hora do eu-comigo-mesmo o desamparo acontece. Outro dia eu me preocupei muito com uma pessoa querida que estava assim, desiludida e sem rumo. E orei mentalmente por sua recuperação. A boa notícia é que, talvez, de alguma forma, essa onda de bem querer atinja quem quer que esteja precisando. A notícia não tão boa assim é que o processo leva tempo e há que se ter paciência: muitas quedas virão até a boa subida começar. A felicidade é um exercício: a princípio exige esforço,

1 + 1 = 3

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O homem não é um ser isolado, todo mundo percebe isso. Desde os primórdios, a humanidade se juntou em grupos, se casou, teve filhos e a vida continuou em bandos, tanto para criar quanto para destruir. Nenhuma descoberta foi um ato solitário: antes da luz elétrica acontecer, muita gente deixou rastros de trabalho para Thomas Edison: Tales de Mileto, filósofo grego, esfregou um âmbar num pedaço de pele de carneiro e viu eletricidade; Otto von Guericke estudou o atrito e Benjamin Franklin inventou o pára-raios. Isso prova que Thomas Edison foi fruto da soma, mesmo que ele tenha descoberto a lâmpada aparentemente sozinho. Até a guerra existe porque é praticada por pessoas com o mesmo ideal. Jantares e encontros, reuniões, família: tudo acontece por causa do sentimento de comunidade. Portanto, vai na contramão da humanidade quem se isola, quem guarda a disfarçada arrogância de que "não preciso de ninguém", "ninguém paga as minhas contas", "melhor sozinho do qu

Falando de homens

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Falar de homens e mulheres é coisa pra quem pode, para quem tem experiência generosa e refinada sobre a arte de relacionar-se. Dizem que o texto abaixo é da Fernanda Montenegro, de quem sou fã. Mesmo que não seja, é muito bom, vale a pena ler: Minha amiga, se você acha que Homem dá muito trabalho, case-se com uma Mulher e aí você vai ver o que é mau humor! O modo de vida, os novos costumes e o desrespeito à natureza tem afetado a sobrevivência de vários seres e entre os mais ameaçados está o macho da espécie humana. Tive apenas 1 exemplar em casa, que mantive com muito zelo e dedicação num casamento que durou 56 anos de muito amor e companheirismo, (1952-2008) mas, na verdade acredito que era ele quem também me mantinha firme no relacionamento. Portanto, por uma questão de auto-sobrevivência, lanço a campanha ‘Salvem os Homens!’ Tomem aqui os meus poucos conhecimentos em fisiologia da masculinidade a fim de que preservemos os raros e preciosos exemplares que ainda restam:

Praticar a verdade, de verdade

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Eu nunca fui uma pessoa de aceitar autoridade. Liderança, sim, pois parte do bom senso e da admiração, jamais da ditadura. Por causa disso, nunca me senti confortável com chefes ou pessoas que tentam se impor a qualquer preço. Não sigo determinações cegas, nem palavras sem lógica. Gosto de gente com conteúdo inteligente, que saiba argumentar com sabedoria. Sentimentalismos também não funcionam comigo. A maioria das pessoas aceita certas coisas com mais facilidade. Eu não. A única coisa que aceito com facilidade é a verdade, todo o resto, se misturado a qualquer tipo de mentira, é muito difícil de engolir. Foi por causa dessa minha dificuldade que já afastei muita gente da minha vida. E muita coisa também. Acredito que estamos vivendo uma era única na nossa sociedade e a tecnologia tem ajudado sobremaneira na mudança que pressinto ser definitiva: as pessoas comuns estão denunciando aquilo que consideram errado. E que ninguém me diga que "certo" e "errado" são s

Um fim é sempre um recomeço

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Uma amiga muito querida me procurou hoje numa tristeza que me cortou o coração. Separada há alguns dias do seu amado, ela não sabe o que fazer para superar. Eu, e todo mundo desse planeta, já passou por essa dor. Acho que é por isso que dói tanto na gente quando alguém que a gente gosta sofre dessa perda. Logo de cara, quando acontece, a perda do amor é sempre incompreensível. Por que, como assim, tão de repente??? A gente pensa, chora e nunca entende, nunca. E vai lá falar com o outro, tentar dizer que "mas, mas..." e nada. Ver o outro irredutível é a morte, não dá, simplesmente não dá para compreender. Não há nada que alguém diga nesse comecinho de fim que possa aliviar ou trazer esperança. Não se pode ser leviano e dizer "isso passa", nem leviano duplo e garantir que "ele voltará". Até porque, "ele voltar" nem sempre é o melhor, nem sempre será mais feliz. Aliás, se posso dizer alguma coisa é: algo muito desconfortável para ambos já es

Nem tanto isso, nem tanto aquilo

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Outro dia, durante uma conversa, um amigo comentou que precisava se deixar levar mais pela emoção do que pela razão. Ele contou que, há anos, racionalizar tudo foi a maneira que ele encontrou para garantir menos sofrimento. A gente pensa mesmo assim, né? Acha que a emoção é a causadora de toda dor e a razão nos protegerá. Essa guerra antiga entre nossos dois hemisférios cerebrais é uma falácia, na verdade. Não há nada que alivie uma dor. No máxima ela será somatizada, e, quem sabe, virando uma cistite ou pressão alta a gente consiga prestar atenção nela. E, longe de ser também uma vilã aos olhos dos hippies da alma, a razão é uma questão de saúde emocional a quem tem a mínima intenção de compreender o que dispara uma angústia. Identificar, analiticamente, a fonte do que nos machuca pode não resolvê-la, mas traz à luz o medo que, desconhecido, é invencível. Quanto a emoção, coitada, sozinha ela é uma perdição: de energia, de tempo, de confiança. Ninguém 100% entregue só aos desat

Eu não!

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Outro dia, um amigo que conheço há bons 15 anos, me disse pela 2ª vez: "tu devias ser psicóloga". E eu, que já tive essa vontade quando era adolescente, agradeci enormemente por ter seguido outro rumo. Desde que me entendo por gente sou essa massa questionadora. Nunca tive resposta satisfatória para pergunta alguma, a não ser que a vida faz sentido e vale a pena sempre. Por isso é que eu disse ao meu amigo: se eu fosse psicóloga, enfermeira, médica, cientista política, filósofa ou afim, já teria enlouquecido. Seria um estímulo super-super-extra carregado para uma mente tão inquieta quanto a minha. Eu preciso mesmo é desse trabalho gostoso, leve, que fala de beleza e auto-estima. Assim, com essa distração boa que ainda me remunera ( ;-) ), eu tiro um pouco o pé do chão, me encanto com as cores, fotos, shows e novidades do "mundinho" fashion. Mas, engana-se quem pensa que esse mundo não é sério. É sério e muito! Além disso, é um universo caro, que coloca nosso p

Viver a vida

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Há dias estou digerindo alguns acontecimentos e conversas recentes. Dentre os mais marcantes, as mortes do nosso ex vice-presidente, José de Alencar, e da bela Cibele Dorsa me fizeram prestar atenção a coisas que naturalmente jugamos saber. Fiquei me perguntando o que diferenciou tanto o final da vida de cada um dos dois: Alencar viveu até o último segundo dos seus quase 80 anos lutando para viver. Cibele não quis, apesar o vigor dos seus 36. A conclusão a que cheguei, apesar de parecer tão óbvia, é que os únicos bens que nos mantém "vivos", com vontade de viver, são o afeto conquistado ao nosso redor e o forte propósito de construir nesse mundo uma marca pessoal de valor. Ouvi de pessoas que conheceram José de Alencar que ele era "uma simpatia", bem humorado, firme em sua honra, justo. Sua esposa, d. Mariza, quando soube que ele estava com câncer, fez uma promessa: nunca mais usaria suas jóias (que ela adorava) para que seu marido vivesse mais. Segundo amigos d

Adeuses

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Eu estava folheando a Veja depois do almoço quando me deparei com a matéria sobre a tragédia na serra fluminense. No depoimento de um pai que perdeu a filha de 16 anos pude sentir a dor: "minha filha fazia tudo para mim, cortava meu cabelo, fazia minha barba. Acho que ela não tinha ideia do quanto eu a amava". Lembrei de uma amiga que ontem me contava sobre o fim de um relacionamento de 7 anos. Chorando, ela disse: "a gente se amava tanto, tanto! Como é que terminou assim?", e eu, pra não chocá-la num momento de tanta mágoa, só consegui responder "dê tempo ao tempo". Perdas tão distintas como essas, de amores e prazos tão diferentes, machucam pela ausência do outro, sim, mas também pela culpa de não ter feito e dito, não ter tentado, por ter adiado, por ter se ferido com o orgulho de que as relações são imperecíveis. O pai em luto jamais esquecerá sua dor. Entretanto, quando sua angústia for anestesiada pela sobrevivência, seu olhar sobre os outros filhos

Uma escolha no meio do caminho

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Outro dia, andando pela rua, eu ouvi: "a paz não tem preço", e eu pensei: tem, sim, e é bem caro. A gente sempre pensa que os sentimentos da alma são fruto do além, da casualidade temperamental da força divina. Poucos de nós lembra que a relação entre o sentimento e o ambiente está intrisicamente ligada à responsabilidade de cada um de nós em alimentar a tranquilidade ou o desespero. É comum lamentar uma situação e esquecer completamente a raiz do sofrimento. Se olharmos em retrospectiva e com bom senso, fatalmente enxergaremos o motivo numa má escolha, na preguiça em corrigir um rumo ou na permissividade. Ainda ontem, alguns amigos comentavam sobre a relação com os filhos e em como estar presente, observando e educando de fato é trabalhoso e árduo, mas que é a única garantia de não lamentar no futuro. Quem delega a educação dos filhos à escola e à sociedade está se esquivando e sentenciando a família a sofrer severos danos no futuro. Da mesma forma, delegar o que quer que se

Qual é a sua idade?

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Existe um tempo para cada coisa na vida. Ouvir isso quando criança é muito frustrante e continua sendo quando a gente cresce. Não queremos saber de esperar ou de desapegar: queremos tudo exatamente no momento em que, no auge do mimo, batemos o pé para conseguir. Mas assim como pai e mãe sabem a melhor hora para o filho dormir, comer ou estudar, a vida continua fazendo esse papel conosco até que, enfim, a gente aprenda a tomar conta de si. Enquanto muitos envelhecem (e essa é a palavra mesmo, pois apenas somam anos à vida), muito poucos amadurecem e aí está a grande diferença entre resignar-se e compreender. Compreender é verbo de adulto. Durante o dia nos relacionamos com crianças de 35, adolescentes de 40, meninas e meninos de cabelos brancos e tempo suficiente vivido para ter aprendido a mudar a vida, evoluir. Enquanto isso, me impressiono com os filhos dessa leva de peters pan e cinderelas: jovens de 16, 20 anos obrigados a crescer pela incapacidade dos pais em amadurecer. É uma g