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Mostrando postagens de agosto, 2010

O inverno virando primavera

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Eu voltava do almoço ontem quando passei em frente ao novo posto de gasolina da rua. Há mais ou menos 1 ano o local estava abandonado e tinha sido invadido por moradores de rua, fumantes ilícitos e usuários de outras tranqueiras ilegais. Lembro que tinha receio de passar por lá quando a noite vinha caindo, tinha sempre muita bebida e ouvia muita bobagem a medida que chegava perto. Eu me perguntei várias vezes quando é que alguém compraria aquele terreno e o transformaria em um café, ou supermercado, floricultura, sei lá. O importante é que o local tivesse função, deixasse de ser tão perigoso e abandonado. E eis que ontem, depois da inauguração do posto, a paisagem era diferente: tudo muito claro, cores alegres, ambiente amigável, movimento de quem trabalha, energia boa essa de vida acontecendo saudavelmente. Aí, claro, me bateu um sentimento daqueles pararelos, sabe?, de quem tem mania de pensar na vida até quando olha pra lanterna do carro. Pois bem, fiquei eu elucubrando sobre quanta

Por onde andas

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Faz tempo que eu ando com vontade de escrever sobre as conclusões a que chegamos, na maioria das vezes baseadas apenas nas referências que guardamos sobre o apego de nossas curtas experiências. Concluímos amor e desamor, cuidado e desatenção, honestidade e más intenções, gestos e silêncio. Concluímos o tempo inteiro apenas com nosso coração interessado ou com a falta de coração típica dos momentos de ódio. Vamos de uma ponta a outra da simpatia ou da aversão no mesmo pensar, basta navegar ora pela amizade, ora pelo ressentimento sem o menor controle sobre qualquer tendência. Nosso coração parece ter duas facetas: uma cheia de humanismo, morrendo de vontade de acreditar, e outra dura, manchada de desgosto e crítica severa. Já me deixei vencer pela angústia desse veneno inúmeras vezes e, não só o outro perdeu, mas, sobretudo, eu perdi: perdi alegria, perdi viço, perdi desejo, perdi amor. Presto muita atenção hoje, cuido muito pra entender se o que sinto é verdade ou fruto de uma predispo

As linhas da vida

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Viver uma vida sem arrependimentos não é humano. É da natureza de quem respira, sente e tem memória olhar para trás e perceber que tem, sim, alguma coisa, várias coisas, pequenas e gigantescas coisas que poderia, ou que não deveria, ter feito. Por mais que se saiba racionalmente que nada acontece por acaso (ou à toa), é impreciso dizer em qual resultado essa lembrança pode desaguar. Acredito numa linha tênue que separa a amargura do arrependimento da boa lição aprendida. O ressentido lembrar aperta o coração, traz melancolia, resignação, um gosto de derrota. O arrependimento que vira experiência do bem é trampolim para o esforço em não repetir ou, pelo avesso, dedicar-se em observar o momento certo para, sim, fazer o que deveria ter feito ou dito. Na balança das duas coisas, uma palavrinha faceira que adora um bom teste: sabedoria. Tenho reparado que não apenas eu me queixo da falta de tempo (há anos entendi o quanto essa moeda tem sido demasiadamente cara). De tanto pensar a respeito