Nobre labutar
"Não é sensato achar que um dia tudo dará certo". Essa frase de Daisaku Ikeda - humanista, escritor e líder budista que este ano se tornou a pessoa com o maior nº de títulos de honoris causa em toda a história (até o fechamento desta, são 300) - não tem nada de pessimista. Antes, ela nos tira do comodismo que nos faz apenas esperar por dias melhores e nos provoca a "fazer" dar certo, com todas as iniciativas, criatividade, sabedoria, coragem e bom senso que todo sucesso guarda.
Como toda típica ocidental, vítima da colonização judaico-cristã, cresci acreditando que era "normal" esperar que tudo desse certo. Foi preciso um longo caminho, décadas de insatisfação para que eu enfim compreendesse que a vida de verdade é para os que constroem aquilo que desejam, independentemente de qualquer circunstância ou de quantas vezes precisem recomeçar.
A vida, sim, é um espelho mental, uma reprodução daquilo que somos, daquilo que acreditamos, daquilo que sentimos. Eu própria poderia me considerar piegas se ouvisse isso de outra pessoa que não eu. Sou taurina, terrena, empírica, talhada em realizações palpáveis. Nada que seja apenas verbal me convence, me domina ou me comove. É preciso o gesto para que eu me entregue, para que eu acredite e levante a bandeira. Por isso, entendo e aceito quando digo que a vida é um espelho mental: eu vivencio isso a cada instante dos meus dias.
É verdade que a responsabilidade um dia me cansou e eu tirei férias dessa função. Mas, até isso teve seu propósito e fazia parte do processo. Hoje, entretanto, não é possível mais afastar-me das rédeas: não estou mais só e a responsabilidade dobrou e dividiu-se. Nesse nível não há mais cansaço, nem preguiça. É como comer e dormir, com a diferença que não basta o miojo nem o colchão no chão: as conquistas exigem pratos mais elaborados e noitadas mais confortáveis.
Ilude-se quem vive "deixando a vida levar". Na verdade, essa pessoa não vive, empurra, infeliz que só. Quem vive, realiza. Muda, refaz, levanta, chora e se alegra. Vitória não é nada além de vencer uma coisa chamada tendência da vida. E isso, cada um é que sabe qual é a sua. Isso nos torna solitários? Não. Como eu disse outro dia, não há vitória solitária, nem vitória na solidão. Coisas que a gente aprende com o tempo. Coisas que fazem da vida um lugar menos escuro e mais útil.
A vida passa e acaba. Sendo assim, é melhor escolher o destino e aproveitar a viagem do que ficar a mercê do maquinista que nem existe. Não é?
Comentários
Obrigada.
Estou saindo do casulo....mas olha, VIRAR BORBOLETA É DIFÍCIL, VIU?
beijos
Regina (Nina Lima)