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Mostrando postagens de junho, 2010

Desapegar ou valorizar?

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Li em algum lugar que é preciso treinar o desapego. Assunto complicado e difícil, principalmente para quem precisou se acostumar demais às perdas. Pois é, o grande problema com o tal do desapego é que ele, frequentemente, é associado a essa palavrinha dolorosa: perda. Talvez a diferença esteja na semântica e não no conteúdo da palavra. Bora ver. Vamos imaginar que você tenha trabalhado muito arduamente para comprar um carro e que precise dele para trabalhar e dar mais conforto à família. Tá, é um bem material e deveríamos estar acima dessas coisas. Bobagem. Grandessíssima bobagem. Vivemos num mundo em que rejeitar a matéria como bem faz tão mal quanto ser escravo dela. Continuemos: você foi lá e comprou o carro. E aí, só porque ouviu dizer que ter apego a esse bichinho que quis tanto é sinal de mediocridade, você não sofre quanto lhe roubam, é isso? Numa outra situação, você, depois de muito tempo batendo a cabeça, encontrou um grande amor, daqueles que valem a pena o investimento. Par

Vem pra luz, Caroline

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Eu cresci ouvindo que sinceridade demais é defeito. Acho que por tempo demais comprei essa inverdade, como se eu tivesse que esconder minhas opiniões e observações quase feito um pecado. Há bem pouco tempo eu consegui amadurecer essa história que me incomodou tanto e tem sido possível resolver um bocado de insatisfações por causa disso. Essa semana, conversando com amigos de turmas diferentes, o assunto foi bem parecido: falar ou não falar, se afastar simplesmente, disfarçar (que é igual a fingir, pra mim) ou simplesmente deixar pra lá pra não ficar com fama de "mau" ou sozinho. Eu disse, e repito, que a gente vive numa sociedade muito hipócrita, a gente nem sabe em quem confiar porque o mundo tem as mesmas caras e bocas e usa as mesmas desculpas e artifícios. Desde pais e filhos, passando pela relação de trabalho, pela afetiva até as pseudo-amizades, a maioria de nós prefere a comodidade dos esconderijos ao esforço das relações verdadeiras. Aí que tá: esforço em termos, né?,

Osmose social

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Há pessoas que extraem de nós o nosso melhor. Perto delas, conhecemos a tranquilidade, a ternura, a confiança. Sorrimos com leveza, somos interessados de verdade, o corpo inteiro fala como quem diz "estou inteiro aqui, concentrado nesse momento bom". Outras pessoas, entretanto, carregam consigo um ferimento tão letal que é capaz de estimular nossa pior parte. E, aí, somos o oposto do "amigo", somos feras com quase o mesmo veneno do agressor. Tem ainda a turma que não nos inspira a nada: perto dela sobrevive a apatia do "frio hoje, né?" e do "trânsito terrível". Viver ao lado de gente assim é como almoçar mingau de maizena todos os dias. Como esse grupo é morno demais, não faz "fá nem fu" como diria uma amiga, vamos deixá-lo pra lá. Um dos enormes desafios da minha vida tem sido não me deixar provocar por esses "estímulos" alheios: estar perto de gente boa é fácil, mas conviver com alguém que difere completamente da nossa manei

Além do seu quadrado

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Há tempos venho me perguntando o que é o entendimento humano. A gente pensa, pensa, pensa, mas entende alguma coisa? Talvez a gente chegue num vago raciocínio quando junta 2 e 2 e, aí, acredita que compreendeu, que sabe, tem certeza de tudo. Quanto mais o tempo passa (e ele é bem hábil em passar rápido), eu percebo que podemos, sim, enxergar um pouco da vida, mas sempre a respeito de nós mesmos. Assumir definições esteriotipadas é tarefa capciosa demais para quem pretende carregar consigo alguma verdade sobre todas as coisas. A gente escuta uma história, mas os ouvidos estão ouvindo só a parte que precisa para satisfazer uma necessidade qualquer. Nossos olhos estão ali, vidrados numa pessoa, vendo todos os gestos e linguagem corporal dela, mas o que captamos é exatamente aquilo que precisamos para usar como desculpa ou argumento depois. É exatamente sobre esse ponto que fico bem confusa: seria isso egoísmo? Ou seria deficiência? Apenas falta de uma visão mais abrangente? Ou incapacidad