Linda Maitê


"Quando criança, Maitê Proença nunca foi elogiada por sua beleza. Os pais, intelectuais, não falavam sobre frivolidades em casa. “Só percebi que esse negócio de ser bonita era importante quando cheguei no Rio e virei atriz”, conta a paulista.

A atriz, que também virou apresentadora e escritora, lança segunda-feira, na Livraria Argumento, do Leblon, seu segundo livro: “Uma Vida Inventada — Memórias Trocadas e Outras Histórias”, romance com tintas autobiográficas em que duas personagens narram histórias separadas que se tocam e se confundem. “Quero esse jogo de pistas falsas. Se fizesse biografia clássica, não falaria sobre determinados assuntos, por pudor, por discrição”, diz.

Com franqueza desconcertante, Maitê conta no livro aventuras pelo mundo — ela conhece mais de 60 países. Também dramas como o do pai, que matou a mãe dela num crime passional: “Eu tinha 12 anos quando minha mãe morreu e o mundo se desfez. Meu pai, que a matou no auge de um ódio pelo amor que sentia, foi cuidar de si”, escreve." (fonte: O Dia online)

Abaixo, um trecho do livro que ganhei outro dia e vou ler assim que terminar o Sabino.

"Eu me apaixonei por um homem com voz de madeira e olhos que enxergam pássaros a distância. Foi na varanda de sua casa na África, à beira de um lago com patos selvagens. Ele falava de pedras arcaicas, mosaicos romanos em quebra-cabeça, da caça do dia e do outro dia, de aborígenes no deserto, de zepelins sobrevoando oceanos. E eu olhava os bichos pastando e o verde e o verde.

Ele foi contando histórias... eu respondia qualquer coisa só para o tempo encompridar. De noite nós partimos dali porque eu já não podia ficar, nem ele. Chovia, e era bom, e era confortável estar ao lado daquele homem. Hospedamo-nos num castelo de pedras para poder conversar mais, e, quando nos cansamos de tentar ficar íntimos de uma vez só, fizemos amor com urgência, porque assim tinha de ser.
Ele dormiu como fazem os homens depois dessas coisas, e eu fiquei sonhando acordada porque o vinho e as emoções misturadas não me deixavam pregar o olho. Enquanto amanhecia eu pensava que, se um dia for criar galinhas, elas serão d'angola, pintadas, como gosta o homem da voz de madeira que tem uma pena guardada na estante da sala. E eu o convidei para criar cabras no jardim do Burle Marx, ou na terra dele, se assim preferir. E o convívio com esse homem será leve e cheio de risos como eu preciso, e será triste também, como ele precisa. E será sempre confortável como estar só - mas estando juntos."

Comentários

Anônimo disse…
quem é normal? amigo meu conhecia a familia da praia, o pai era juiz, se safou e matou na frente da filha...karmas!
Anônimo disse…
Pois é, amiga... isso que aconteceu com a Maitê deve acontecer todos os dias ao redor do mundo.

As vezes as pessoas podem ser cruéis, não é mesmo?

E se é karma, não sei. Mas é dureza...

Um beijão!

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