Sopa, cobertor e água fresca.
Pois bem, eu estive ausente por alguns dias, era trabalho demais, e tão exaustivo que resolvi pegar um resfriado só para dar uma pausa. Durante esse período, comecei alguns textos e estão todos aqui, salvos, feito rascunho. Qualquer hora, virarão post, é só o tempo de retomar aqueles sentimentos. Hoje, me deu vontade de falar sobre cuidar e ser cuidado.
A gente vive uma era de frenesi angustiante, high speed total, chat, tsunami no além que nos afeta aqui. Informação, então, nem se fala, parece que estamos desatualizados o tempo inteiro, nunca clicamos o suficiente, nem ouvimos, nem assistimos a tudo.
O telefone toca e mal nos perguntam como estamos, que voz é essa, precisa de alguma coisa, quer eu ligue depois? Do outro lado, o que tem é só a necessidade do outro, uma urgência do trabalho ou da família, um recado rápido; raramente uma vontade de só papear. Faz falta, não faz?
Era tão bom conversar, jogar conversa fora mesmo (de fora não tinha nada, ficava tudo bem guardado, quentinho no peito), ao vivo (vendo ou só ouvindo), mas com uma pessoa viva, interessada, usando o tempo dela para dedicar àquilo que era amizade.
Eu fico pensando por quanto tempo mais vamos suportar viver essa vida tão mutuamente descuidada, mais interessada na foto no msn do que permitir que alguém entre na nossa vida de verdade, para o que der e vier, no momento bom, de alegria, e também naqueles tristes e doentes.
Estou tentando marcar um encontro com duas amigas de praias distintas que não vejo há um tempão e nenhuma das três consegue organizar as agendas para a coisa acontecer. O que é isso, gente...?
Era tão bom conversar, jogar conversa fora mesmo (de fora não tinha nada, ficava tudo bem guardado, quentinho no peito), ao vivo (vendo ou só ouvindo), mas com uma pessoa viva, interessada, usando o tempo dela para dedicar àquilo que era amizade.
Eu fico pensando por quanto tempo mais vamos suportar viver essa vida tão mutuamente descuidada, mais interessada na foto no msn do que permitir que alguém entre na nossa vida de verdade, para o que der e vier, no momento bom, de alegria, e também naqueles tristes e doentes.
Estou tentando marcar um encontro com duas amigas de praias distintas que não vejo há um tempão e nenhuma das três consegue organizar as agendas para a coisa acontecer. O que é isso, gente...?
A minha teoria e de toda trupe junguiana, holística e etc, é que adoecemos para pedir um tempo, desacelerar um pouco, para ter essa permissão, esse direito. Adoecer é um pedido do coração, mas, como nem sempre entendemos o que ele quer, o corpo dá um jeito de avisar. Avisa com resfriado, avisa com tosse, avisa com dor. Avisa. Se não dermos atenção, ele faz que melhora e piora com força lá na frente. Vem quebrando tudo, deixa de cama, fica febril, cansado, problema na coluna, até cirurgia tem que fazer, coitado, quando o dono da matéria é surdo e cego de pedra.
Bom mesmo é quando, ao primeiro sinal de fragilidade, paramos para atender e, melhor ainda, alguém pára conosco. Aí é uma delícia, o corpo recupera o viço, dá fome, vontade de abrir a janela. Ser cuidado é a melhor sensação dessa vida. Acho que não tem nada que recupere mais rápido do que carinho, sopa, cafuné, cobertor puxado nas costas para garantir que a friagem não incomode. Pensa, gente, tem coisa mais gostosa no auge do dengo da gripe? Não tem, não.
Mas, aí eu pergunto: pra que esperar ficar doente para cuidar? Cuidar de si e do outro só quando fica doente? Que mania de criar tempo só quando tem coisa grave acontecendo! Visitar amigo quando ele está convalescendo, ok; pra bater papo, não dá, trabalho demais, tem academia pra ir, e-mails para responder, blog para atualizar. Ô...
Por isso que eu digo no meu perfil que eu tenho sorte: ultimamente, eu tenho aprendido essas histórias com amor. Por mais que eu me esforce para ficar na dor (eu ainda não larguei de vez esse vício), a vida tem me premiado com muita gentileza, cuidados, mesmo quando eu estou naquela fase árida de olhar só para a casca dos dias.
Como canta Tom Jobim no CD que eu acabei de ganhar:
"Quem chorou, chorou
E tanto que seu pranto já secou
Quem depois voltou
Ao amor, ao sorriso e à flor
Então tudo encontrou
E a própria dor
Revelou o caminho do amor
E a tristeza acabou."
Doença é tristeza da alma. E quem ama, cuida para a alegria do outro voltar. Mas, não há que se preocupar, achando que a única função será só cuidar dos amados pelo resto da vida. Quando a gente cuida com amor, o cuidado volta. Com mais amor ainda.
Vai uma sopinha aí?
Comentários
Bjs
Wanessa
Até mesmo a reunião no dia de quarta-feira faz quebrar essa rotina, que coisa gratificante.
E o melhor é saber que as pessoas que estão ali tem o mesmo objetivo!
Tem uma frase que diz, que a gente só consegue tempo para resolver algo quando a gente dá prioridade. Fica um trecho da música Epitáfio para refeltirmos Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Até mesmo a reunião no dia de quarta-feira faz quebrar essa rotina, que coisa gratificante.
E o melhor é saber que as pessoas que estão ali tem o mesmo objetivo!
Tem uma frase que diz, que a gente só consegue tempo para resolver algo quando a gente dá prioridade. Fica um trecho da música Epitáfio para refeltirmos Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr