Sutileza canina

Esse é o Juca, meu cachorro. Juca ainda é filhote, mas, quando chegou, era bem menorzinho. Ele cresceu um bocado nesse pouco tempo de vida.

Dizem que Juca não pensa. Eu duvido. Ele pode não raciocinar como nós, mas, que tem neurônio funcionando e associando coisas, ah, isso ele tem. Juca é doce, tranquilo, só late quando tem gente por perto que ele não conhece e que está tomando a minha atenção. Gente nova precisa chegar perto dele, se apresentar, fazer um cafuné. Aí, então, ele volta a sossegar.

Esse pequeno ser foi um presente de gente querida, gente que respeito e gosto muito. Ele chegou num domingo pela manhã, logo depois de um telefonema ("vamos levá-lo sem compromisso") e ficou. Foi um presente mesmo, esse danado.

Eu já tive cachorro, grandão, preto, um labrador puro (pode-se ler primário, também) e dominante que, bastava sair de casa para marcar território em tudo que era árvore e poste. Tão dominante que não houve um treinador que o ensinasse certas coisas. Era dito que ele só aprendia o que queria. Bicho temperamental mesmo.

O Juca é de porte médio, mestiço de Beagle com Basset, todo manchadinho, muito carinhoso e aprendeu muito rápido um mundo de coisas. É peralta, às vezes, mas, gente, eu fico dizendo até me convencer: "ele é só um bebê"! O mais interessante no Juca é o quanto ele não liga para certas coisas: ele passeia, curte, mas, não fica latindo para os demais exemplares da mesma espécie, não.

O labrador viveu anos comigo, mas acho que nunca tivemos afeição de verdade um pelo outro. Era uma relação de provedor e mascote, o máximo que fazíamos juntos era correr no Ibirapuera (ele me acompanhava por 1o, 12 km de 3 a 4 vezes por semana). Era um touro, pêlo brilhante, porte atlético, e conseguia me derrubar quando decidia pular em cima de mim. Pesado, 35 kg!

Já o Juquinha está aqui há muito pouco tempo, mas tenho por ele um carinho que até incomoda: dá culpa porque não brinco com ele o suficiente, culpa porque viajo e ele fica em terreno estranho, culpa quando não quero que ele me suje. Em compensação, dá uma doçura tamanha vê-lo dormindo todo enrolado, vê-lo brincando com a bolinha, com o pano de dormir, roendo um ossinho, pulando para fazer chamego.

Aprendo a cuidar dele como nunca cuidei do labrador, e, todos os dias, com aquela carinha de quem pergunta, ele me ensina alguma coisa. Paciência, principalmente! Hoje, em especial, Juca me ensinou a sair do meu círculo vicioso, aquele em que, vez por outra, a gente repete, repete, repete... Incrível isso, não? Mas, animais nos ensinam mesmo.

Eu estava prestes a passar pela mesma parte da roda, patinando, mas também me debatendo para sair de lá. É engraçado como a atenção a que nos dispomos na necessidade procura meios para nos ajudar, isso é bem o que eu ouvi hoje, "o universo conspira", contribui, inspira, enfim. Pois não é que esse bichinho me disse, assim quietinho, só com olhar: "tenha paciência, caminhos fáceis demais são abortivos"?

Vocês devem estar pensando que eu pirei, ou que exagero, eu sei :) Mas, não tem nada, não, porque a verdade é como diz meu querido Cummings, "sim, o mundo é provavelmente feito de rosas e alô". Sim, senhor, de sutilezas.

Comentários

Deborah Huff disse…
Ai Cá, que lindo essa relação com o Juca! e não é exagero, eu sei bem como é isso. Tive uma gatinha por 13 anos e quando ela se foi parecia que tinham levado um pedaço de mim. Depois de dois anos, adotei dois gatinhos. Eles são tão safados! eu rio sozinha das trapalhadas deles. Brincando com a bolhinha, molhando o rabo qdo sobe na pia para me ver lavar a louça, quando me espera dentro do box quando tomo banho, quando mia para abrir a torneira, pois quer beber água, quando se enrolam todo atrás de uma mosquinha....Me sinto uma mãe, rs. Bichinhos são tudo na nossa vida! Viva os cães e gatos que tem o dom de transformar os seres humanos mais pacientes, dóceis e responsáveis!!!
Wanessa Lopes disse…
Oi Cá,
Vi a foto do Juca... fofo ele né!
O Shrek que tá doente... ficou essa semana inteira mal. Pegou uma bactéria, depois deu um probleminha nos rins. Eu até iria propor nosso meeting para este findi, mas nem dá. Não poderemos ir pra SP, pq ele está debilitado. Tomou mais de 30 injeções e hj, sábado, tomou a última. Agora que tá se recuperando... ficou até no soro, coitado. Mas é assim. São seres como nós. Ficam doentes, pedem carinho, ficam de mal humor, rebeldes, ensinam, aprendem, pensam, só não falam. Ah...se falassem... Bjs e o blog tá sensacional!

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