Dançando com vista pro mar
Final de domingo. Que estranho, estou com a sensação de fim de feriado prolongado... e estou teimando para que esse dia não acabe. Dia tão bom, paz tão boa, nem quero pensar que, em algumas horas, já estaremos na segunda-feira.
Assisti ao longo making off de Ensaio sobre a Cegueira. O filme é bom (bom mesmo), mas é feio e triste; o making off, entretanto, é simplesmente ma-ra-vi-lho-so, super-alto-astral, comovente. Fiquei pensando nas realizações que protagonizamos, nas construções, nos caminhos que escolhemos, nas pessoas envolvidas, nos sonhos, nas pequenas e grandes frustrações, na emoção, na vida toda que acontece enquanto tudo isso se processa.
Engraçado que, mesmo sendo hoje o dia das mães, eu pensei mesmo foi na minha avó. Minha avó faleceu há alguns meses e acho que nunca me dei conta disso direito, a ficha tem caído aos poucos, devagar, como sempre acontece comigo.
Minha avó faria aniversário no último 19 de abril, foi avó muito cedo e acho que, por isso, não teve tempo para aprender a ser. De gênio difícil, minha avó sempre falou com gente invisível (espíritos ou fantasmas, como queiram chamar). A coisa não aconteceu com a idade, não, desde muito jovem isso acontecia (o que não falta é testemunha para contar as histórias). Quando minha tia-avó faleceu (irmã dela), há quase 3 anos, minha avó soube sem que ninguém precisasse contar. E, conversando com ela "ao vivo" disse que não iria por ora, que ficaria mais um pouco, que parasse de chamá-la.
Não sei quanto disso carrego, mas sempre fui sensível, suscetível às viradas de ar e afins. Há tempos em que essa "antena" desliga e eu fico mais leve, mais solta, feliz. Mas, há época em que isso pesa sobremaneira e parece que finalmente entendi que, em época assim, eu devo interromper qualquer estímulo externo que possa piorar a sensação. Até mesmo uma bebidinha inocente pode desencadear um trelelê nessas horas. Calma, gente, não baixa santo nenhum, é só a sensibilidade que fica à flor da pele mesmo. E, aí, haja paciência para amansar o peito.
Dizem que essas coisas passam de avó para neta mesmo, pulando uma geração sempre. Fico feliz em saber que posso mudar um tanto essa novela, "7 gerações para trás e 7 para frente", como diz o gosho. Isso me dá a sensação de estar realizando a minha vida, seguindo o rumo, tudo tem um destino, afinal. Reconhecer esse ir me traz momentos de tranquilidade e complacência, tolerância e paciência comigo mesmo, como hoje.
No final do livro que acabei de ler essa semana, Maitê escreveu: "Sigo subindo e descendo as montanhas para saber o que há atrás da paisagem. Haverá, possivelmente, outra montanha muito parecida com esta em que me encontro agora, mas, como tenho pregados na memória aqueles primeiros tempos em busca de alegrias essenciais, não acharei isso maçante: a satisfação está no percurso, e alcançar o topo para espiar o outro lado é só a motivação para seguir no caminho, para seguir no caminho, para seguir simplesmente no caminho".
Enfim, boa semana a todos...
PS: By the way, parei de assistir Dona Beija. Não deu mais, não. Too much for me.
PS2: Minha amiga Sílvia me disse, certa vez, que essa música a fazia lembrar de mim. Pode ser, Síl, o link para conferir o clipe está no título :)
Beijos
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