Chapeuzinho não vive sem Lobo-mau: mitos da insuficiência

"Não vemos as coisas como elas são, mas como nós somos" , quem escreveu isso foi Anaïs Nin, lá pelos idos dos anos 50 do século passado. Anaïs Nin é famosa por sua literatura erótica, é autora de Delta de Vênus, Pequenos Pássaros e Uma Espiã na Casa do Amor. O que mais me impressiona em seus textos é a absurda intensidade, uma entrega que sempre achei que eu própria não tivesse e, acima de tudo, o despudor em assumir sua imoralidade. Essa, entretanto, não é a melhor faceta de Anaïs Nin. O que ela tem de melhor, eu acho, é a capacidade de transformar os enigmas abissais entre homem e mulher naquilo que é mais simples e primário: foram feitos um para o outro, são carnais, são amantes. Desde que me entendo por gente leio e ouço por aí rótulos femininos e masculinos, interpretações racionais e científicas a respeito das diferenças entre macho e fêmea. Um é assim, o outro é assado. Um veio de Marte, o outro de Vênus. Um tem hormônios demais; o outro, TPM de dar dó. Tanto tempo gas...