De onde vim, para onde vou



Casa igual a nossa não há. Pode faltar uma coisa aqui e outra acolá, poderia bater mais sol pela manhã, será que dá pra trocar a fiação?, o quintal é pequeno, etc, etc. Mas, ainda assim, estar nesse espaço que tem a nossa cara e jeito é a maior sensação de segurança que se pode ter. Essa é a força do lar.

No meu caso, então, nem me fale: caseira de doer, adoro essas paredes, a conta da luz, as mesas, os quadros, minhas gavetas, o quarto. Aqui tem memória para onde quer que eu olhe. Tudo respira por mim, e as cores gritam perguntando por onde andei.

Por isso é que eu estranho a sensação que trago desde ontem: saudade de outro e distante lar. Passei dias na casa da minha mãe e não é que eu nunca tenha estado lá antes, não. Mas, é a primeira vez que volto como se eu deixasse uma parte minha num lugar que também é meu. Saudade do amor de mãe não preciso dizer como é, nem conseguiria, eu sei que vocês conhecem a sensação. Palavra alguma revelaria o acalanto de ter alguém que cuida da gente como quem cuida de uma criança. Mãe demora a perceber que o filho cresceu (ainda bem)!
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Foram dias de suquinho, bolo, beiju, refeições na varanda, café fresquinho. Sem falar nas conversas que nos fazia perder a hora (mas, as horas não eram para ser perdidas mesmo?), nem de como eu assisti a 3 capítulos da novela (companhia é companhia, até na Favorita). Vi fotos que vi a vida toda e, dessa vez, tomei o cuidado de digitalizá-las para não correr o risco de perdê-las. Viagem maior de que essa, só a mesma que fiz há 10 meses para esse mesmo canto.

Engraçado que, mesmo com algumas coisas aparentemente iguais, muito eu senti que mudou. Havia uma tênue transformação naqueles ventos, e eu ando soprando ainda por aqui, assobiando com o peito cheio de saudade, cheio, cheio...

Amanhã, 2009 começa "de verdade". Volta o trabalho, as horas apertadas, o barulho do vizinho, as tardes estreitadas entre uma escolha e outra. A semana será de intenso planejamento, caminho único para acertar o alvo dos meus desejos desse ano. Entre eles, mais férias no meu segundo lar, que me deixa tonta, zonza, como quem delira na beira do cais. Ser feliz é ter para onde voltar.

"Você me deixa tonto, zonzo
Quase como louco de encantamento
Eu desanoiteço no seu todo de mulher
No verde dos seus olhos de menina
Seu olhar de querubina faz o sol me esquentar
E quando é noite a lua nina Teresina
Que desatina até o sol raiar

De manhã, eu olho pra Timom
E sinto o gosto bom do Parnaíba desaguar
Então eu choro transbordantemente
Que alegre enchente no meu coração
São dois rios lindos com as águas claras
Desse Parnaíba que não volta mais
Apenas olho minha Teresina
Como quem delira na beira do cais

Ai, troca, quem troca destroca
Minha Teresina não troco jamais
No troca-troca, quem troca destroca
Minha Teresina não troco jamais"

(Aurélio de Mello / José Rodrigues)



Comentários

Anônimo disse…
Nossa!!!!!
Agora vc me fez chorar, com essa música, esse texto!!! putz

beijos
Anônimo disse…
Oi Cá...
Lindo o texto!
Bjs e bom planejamento.

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