Paz possível


"A paz mundial não deve ser tarefa de um único homem, de um único partido ou de uma única nação. (...) Deve ser uma paz sustentada por esforços cooperados do mundo inteiro." Essa frase é de Franklin Roosevelt, ex-presidente americano e um dos fundadores das Nações Unidas.

"Esforços cooperados do mundo inteiro", claro, todo mundo sabe, todo mundo repete. "Uma andorinha só não faz verão", "pequenas gotas formam o oceano", "a união faz a força", "todo o bocadinho acrescenta, disse o rato. E fez xixi no mar". Frases como essas estão na boca do povo quando o assunto é um mundo melhor. Mas, sabe o incrível? No dia-a-dia, a gente vive esquecido disso.

Eu fiquei impressionadíssima quando ouvi, outro dia, de uma pessoa que admiro muito, que fazer trabalho voluntário é coisa para aliviar a consciência. Oras, mas se 1 + 1 não se juntarem, como alcancarão o 3? E não é o trabalho silencioso de melhorar a vida de algumas pessoas, mesmo que na vizinhança, ou ainda no local de trabalho, dentro de casa, na rua, que transforma aos poucos todo o contexto social?

Não é, no mínimo, incoerente achar que a paz no mundo será conquistada quando ele, por si e de uma vez só, resolver trocar de lado? Ou quando o partido X for eleito? Ou quando todos, de repente, colocarem a mão na consciência e, magicamente, pessoas não mais morrerão de fome, nem haverá mais guerras de espécie alguma, preconceitos desaparecerão?

Muito estranho imaginar que a expectativa de quase 7 bilhões de pessoas no planeta é de "muita paz, amor e saúde", mas que, a cada dia, poucos de fato se propõem a construir 365 dias dedicados a esse propósito. Para isso, nem é preciso engajar-se em projetos sociais, nem levar alimentos para a África, ou plantar-se em plena Av. Paulista para recolher assinaturas contra a morte das baleias.

"Se você quer manter limpa a sua cidade, comece varrendo diante de sua casa", já dizia o provérbio chinês. E é isso mesmo, é por aí que a coisa começa: mudando de dentro para fora, cumprimentando o vizinho com mais cortesia, votando direito, ajudando o bairro, reciclando o lixo, educando. A gente, todos os dias, arruma os cabelos: por que não o coração? Não é esse o verdadeiro soft power?

Portanto, eu vou continuar fazendo o meu "bocadinho" e que todo mundo que faz continue fazendo. Bocadinhos assim são mais efetivos do que repetir frases como aquelas do começo desse post, mas, no fundo, desacreditar no esforço conjunto. Franklin Roosevelt disse também: "é preciso coragem para cumprir com nossas responsabilidades num mundo reconhecidamente imperfeito". Não sei se ele será perfeito um dia. Nem sei se perfeição existe. Mas, mais do sonho, o meu desejo é que esse nosso mundo seja, pelo menos, equilibrado.

"Desenvolver força, coragem e paz interior demanda tempo. Não espere resultados rápidos e imediatos, sob o pretexto de que decidiu mudar. Cada ação que você executa permite que essa decisão se torne efetiva dentro de seu coração." (Dalai Lama)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Monstro da palha

O curioso caso de Benjamin Button