Feliz Ano Novo


Pois é, fiquei boquiaberta quando vi panetones e enfeites de Natal à venda, estimativas de aumento na contratação de temporários nesse final de ano no Jornal Nacional, dicas de presentes para os mais organizados. E, para completar, minha tia me perguntou hoje: o que nós vamos fazer no reveillon?

Me dá uma certa angústia pensar que mais um ano acaba. Apesar de ter a sensação de ter vivido 10 anos em 2, ainda acho que o tempo voa, sem dias suficientes para tudo que é preciso e desejado. Confesso que minha maior dificuldade em 2008 tem sido administrar as minhas prioridades, ter fluidez na realização das obrigações e do lazer.

Parece que eu estou sempre devendo alguma coisa, a alguém e a mim mesma: não vejo quem quero com frequência suficiente (família, amigos e todo mundo que é querido), não termino meus trabalhos quando defino prazos até que razoáveis, não me dedico satisfatoriamente a quase nada. Ultimamente, meus únicos hobbies são esse blog que vos fala e dormir (mas, dormir não conta, não é?). Nem as minhas plantas, coitadas, têm tido a merecida atenção que sempre gostei de prestar.

Virei adepta da pecha que sempre condenei: não tenho tempo. Outro dia, fiz até as contas: 24 horas menos 7 de sono, menos 6 pra isso isso, menos tanto para aquilo... Na teoria até funciona, mas, na prática... eu precisaria computar os minutos gastos com aquelas pequenas tarefas, que no final das contas roubam um tempão: lavar louça, tirar o lixo, falar com os vizinhos, arrumar a mesa do café, tirar a mesa do jantar, supermercado, filas, e-mails, educação (é preciso tempo para respeitar as regras da boa convivência), telefonemas, trânsito. Ufa, me dá mais tempo?

Eu me pergunto, às vezes: e aí, vale a pena? Apesar de tudo, acho que sim. Todas essas coisas acabam compondo o cotidiano, que compõem os anos, as décadas, que constroem a vida. Outro dia, eu citei Aristóteles e sua famosa frase sobre a excelência: é preciso repetir alguns hábitos para que eles dêem resultado. Eu só gostaria de estar menos atrasada sempre, de correr menos, de relaxar mais sem a sensação de que deveria estar fazendo alguma coisa. Como assim, relaxar já não é fazer alguma coisa?

Bom, ainda temos 3 meses antes de 2009. Ainda dá tempo de atingir aqueles objetivos de 2007 antes de empurrá-los para o ano que vem com a acomodada desculpa de que "já é final de ano mesmo... deixa para janeiro" (que vira junho, que vira janeiro de novo). Eu me lembro que uma das grandes atitudes da minha vida foi tomada na véspera de um Natal, simplesmente porque eu não podia adiá-la mais, sob o risco de viver mais um ano na mesmice dolorida e indesejada.

Lembrar disso agora, de repente, me fez sorrir e me deixou mais confiante. Eu, realmente, ainda tenho tempo de me surpreender muito nesse finalzinho de 2008... afinal, "para que uma vez mais possamos progredir, precisamos uma vez mais nos deixar dominar pela esperança". (Bertrand Russel)

Tim-tim.

Comentários

Anônimo disse…
Nem me fala que já tá acabando... dá frio e ansiedade para o que vem pela frente...
Serão três meses intensos até o finalzinho do ano né. Vamu que vamu! rsrsrsrs

bjsss

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