2014 tem mais


Eu entendo lhufas de futebol e acho até meio bobo aquele bando de homem correndo atrás de uma bola enquanto bilhões de pessoas se roem atrás do melhor resultado para "seu" time.

A comoção, especialmente do brasileiro, que deixa de trabalhar para pintar-se de patriota, me incomoda, sério. Já viu brasileiro usar verde e amarelo em outra ocasião? Já viu brasileiro se monopolizar tanto, TANTO, para reivindicar algum direito, lutar contra a corrupção, eleger (ou não) algum político, falar da saúde pública, transporte, educação? Nananinanão. Brasileiro gosta é de diversão, qualquer outra coisa é chata demais para merecer sua atenção.

Outro dia, precisei me descolar entre o primeiro e segundo tempo e fiquei impressionada: São Paulo nunca esteve tão quieta e vazia, nem em feriado. O único ruído que se ouvia era da torcida e dava até pra saber a quantas andava o jogo. Um circo, sorry, um circo mesmo. E a televisão, então? Nunca vi tanto tempo dispensado a um assunto, nem o impeachment do Collor monopolizou tanto os noticiários.

Eu lamento. Não sou contra a diversão, nem tampouco contra o futebol. Apenas acho triste o povo se contentar com a esperança de hexa para vibrar pelo Brasil. Enquanto o país inteiro para pra torcer ou discutir passes, penautis e afins, jogadores sem sequer ensino médio ganham fortunas pelo mundo afora. E mães e pais de família rastejam pela vida ganhando R$ 510,00 por mês.

Tem alguma coisa muito errada. Muito.


Comentários

Augusto Branco disse…
O futebol nasceu e sobrevive um esporte aristocrata sustentado pelas massas.

Tuas observações quanto ao que acontece no Brasil é um fato mesmo lamentável - tanto mais quando vemos a esperança de uma alegria que brilhava nos olhos daquelas famílias que vivem com menos de um salário mínimo por mês esvair-se em lágrimas e semblantes tristes. É um dia em que o mundo delas deixa de ser verde e amarelo e volta a ser preto e branco...

Pessoas adormecidas - mal sabem que podem mais! Mas esperam. Esperam por Deus, esperam pelo Governo, esperam pelo próximo e sabe lá mais por quem, e enquanto esperam e nada recebem, vão anestesiando-se com Carnaval e Futebol.

Resta-nos tentar enxergar o lado bom das coisas... pessoas de culturas tão diferentes ali em um momento de paz e celebração. As emoções à flor da pele, todo um conjunto de belas metáforas para encantar o bobo coração do poeta, e alguns poucos jogadores que doam-se de corpo e alma a uma competição como se estivessem defendendo a própria nação em uma guerra, fazendo-nos vislumbrar, quem sabe, alguma sombra de heroísmo, para fazer despertar o herói adormecido que há em cada um de nós, para quem sabe salvar-nos de nós mesmos...
Wanessa Lopes disse…
Não sei pq, mas concordo em gêner, número e grau com seu texto.

Bjs
Erica Assunção disse…
Obrigada Acácia. O seu tmb é muito lindo. Visito sempre. Tenho outro, sinta-se convidada a visitar...

ericasouza.wordpress.com

Bjos!!
Erica Assunção disse…
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