Adeuses
Eu estava folheando a Veja depois do almoço quando me deparei com a matéria sobre a tragédia na serra fluminense. No depoimento de um pai que perdeu a filha de 16 anos pude sentir a dor: "minha filha fazia tudo para mim, cortava meu cabelo, fazia minha barba. Acho que ela não tinha ideia do quanto eu a amava". Lembrei de uma amiga que ontem me contava sobre o fim de um relacionamento de 7 anos. Chorando, ela disse: "a gente se amava tanto, tanto! Como é que terminou assim?", e eu, pra não chocá-la num momento de tanta mágoa, só consegui responder "dê tempo ao tempo". Perdas tão distintas como essas, de amores e prazos tão diferentes, machucam pela ausência do outro, sim, mas também pela culpa de não ter feito e dito, não ter tentado, por ter adiado, por ter se ferido com o orgulho de que as relações são imperecíveis. O pai em luto jamais esquecerá sua dor. Entretanto, quando sua angústia for anestesiada pela sobrevivência, seu olhar sobre os outros filhos ...